Incorporação de resíduos industriais em artefactos para mobiliário urbano, construção civil, arquitetura e interiores
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A gestão dos resíduos industriais representa, na sociedade atual, um desafio importante que importa urgentemente resolver. Por várias ordens de razões:
- Por um lado porque os resíduos gerados na atividade industrial contêm sempre materiais e podem apresentar potencial energético. Numa sociedade em que o desenvolvimento tecnológico e de conforto dos últimos dois séculos assentou fortemente na disponibilidade energética relativamente barata e na disponibilidade de materiais abundantes, extraídos da natureza, à medida em que esses materiais e fontes de energia se vão esgotando importa equacionar a racionalidade da forma como os usamos. O aproveitamento desses materiais e da energia potencial contida nos resíduos revela-se, por isso, uma prioridade atual. É nesse sentido que se enquadram conceitos como os da exploração sustentável dos recursos e da economia circular. Este último conceito, entrado recentemente no jargão de políticos e decisores, é já objeto de estratégias globais, de que o recente plano da Comissão Europeia, de março de 2020, é exemplo;
- Por outro lado, porque o esgotamento de algumas reservas de minerais estratégicos para o desenvolvimento tecnológico atual condiciona a forma como esse desenvolvimento pode ocorrer. Disso é exemplo a fileira da mobilidade elétrica, em que alguns dos materiais constituintes das baterias e dos próprios veículos são de ocorrência mineral rara. O esgotamento das reservas minerais implica ainda um encarecimento dos materiais em causa, tornando, por isso, menos apelativo o seu uso. Tudo isto proporciona necessidades de aproveitamento dos materiais contidos nos resíduos, e em particular daqueles que contêm esses materiais críticos e essenciais;
- Por outro lado ainda, porque a forma tradicional como os resíduos industriais mais abundantes são geridos passa, fundamentalmente, pelo seu desperdício, através da deposição em aterros ou, quando muito, na recuperação paisagística de antigas pedreiras, quando não ocorra a sua dispersão pura e simples pelo ambiente, como sucede ainda em muitos países menos desenvolvidos. Por muito adequada que seja a gestão feita com vista à eliminação dos resíduos, existem sempre impactos ambientais dificilmente superáveis, quer em termos de eventuais contaminações do solo, dos aquíferos e da atmosfera, quer em termos dos impactos indiretos associados ao transporte dos resíduos para esses destinos, frequentemente distantes dos locais onde são gerados.
A sociedade deve, por isso, assentar na circularidade dos produtos e dos materiais e, no que se refere aos resíduos, no seu aproveitamento na maior extensão possível. Deslocando-se do modelo linear de consumo, em que os materiais são extraídos da natureza, utilizados e, no final da vida dos produtos, descartados, para um modelo em que desejavelmente tudo se aproveite, sem desperdícios. Os resíduos são, por isso, recursos que importa não desperdiçar. (...)
Fernando Castro, Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho
Artigo completo na Construção Magazine nº97 maio/jun 2020
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