Descarregador de cheias complementar da barragem de Caniçada. Conceção e execução

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Este artigo tem como objetivo a descrição dos principais aspetos de conceção estrutural e de construção do Descarregador de Cheias Complementar da Barragem de Caniçada.

O descarregador de cheias complementar, localizado na margem esquerda junto ao encontro da barragem, é constituído, fundamentalmente, por uma zona de aproximação do escoamento, uma estrutura de entrada, um trecho de ligação em túnel e uma estrutura terminal. A capacidade máxima de vazão deste descarregador é de cerca de 2062 m3/s.

A estrutura de entrada do descarregador é do tipo frontal, constituída por duas portadas iguais, cada uma com 8,75 m de largura e altura máxima de 23,75 m, separadas por um septo com forma hidrodinâmica em planta. Em cada uma das portadas, a soleira tem perfil do tipo WES com o paramento de montante inclinado e a crista localizada à cota (138,50). Como órgão de obturação das portadas, adotaram-se comportas do tipo segmento, manobradas por servomotores.

À estrutura de entrada segue-se um túnel revestido a betão armado com secção transversal variável composta por dois vãos com altura máxima de 11,77 m (12 m na projeção do arco interior da abóbada com o eixo vertical) e largura máxima de 5,50 m; separados por um septo vertical, com desenvolvimento retilíneo em planta e comprimento de aproximadamente 200 m.

A parte final do descarregador, na continuação do túnel, é constituída por um canal com dois vãos de largura variável em planta, altura máxima de 19,5 m e cerca de 60 m de desenvolvimento, que terminam desencontrados em planta com uma estrutura em “salto de ski”.

Pretende-se apresentar uma descrição do projeto desenvolvido, abordando as soluções estruturais adotadas para a estrutura de entrada, túnel e estrutura de saída, os constrangimentos encontrados durante a execução e ainda a compatibilização de todas as especialidades envolvidas.

Em cumprimento da legislação nacional em vigor, designadamente do Regulamento de Segurança de Barragens (RSB) [1], foram elaborados estudos com o objetivo de verificar e/ou rever os critérios de projeto dos órgãos de segurança da barragem de Caniçada. Esses estudos [2] incluíram, genericamente: a revisão do estudo das cheias e a fixação da nova cheia de projeto para a barragem; a análise da adequação dos órgãos de descarga, incluindo a avaliação das condições em termos de funcionamento hidráulico das obras e da operacionalidade dos equipamentos instalados face à nova cheia de projeto; e a proposta de medidas estruturais e não estruturais necessárias à respetiva adaptação às condições do RSB [1].

Nesses estudos [2], concluiu-se que a capacidade de descarga do descarregador de cheias existente seria insuficiente para garantir a não excedência do Nível de Máxima Cheia (NMC) da barragem, situado à cota (153,00), tendo-se, inclusivamente, concluído que, para determinadas condições, o nível da albufeira poderá ultrapassar a cota de topo da guarda do coroamento da barragem. Consequentemente, foi decidida a construção de um novo descarregador de cheias, o qual se designou como descarregador de cheias complementar da barragem de Caniçada. (...)

Filipe Roberto, Aqualogus, Engenharia e Ambiente, Gisela Sá Frias, Aqualogus, Engenharia e Ambiente, Manuel Oliveira, EDP – Gestão da Produção de Energia, e Júlio S. Gonçalves, EDP – Gestão da Produção de Energia

Artigo completo na Construção Magazine nº99 set/out 2020

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