Solar setecentista vai ser transformado em pousada rural por 3 ME
A Casa do Outeiro, um solar setecentista enquadrado em meio rural, na freguesia de Agualonga, em Paredes de Coura vai ser transformado em pousada rural, num investimento de cerca de três milhões de euros.
Contactado pela agência Lusa, a propósito da assinatura do contrato de concessão do imóvel, por 50 anos, ao abrigo do programa Revive o investidor, Marcelo Murta explicou tratar-se de uma previsão, uma vez que o investimento “pode vir a ser superior”.
“Vai depender do tipo de intervenção de reabilitação, restauro e transformação a aplicar naquele património”, afirmou o investidor da AGNT – Gestão e Mediação, adiantando que a unidade hoteleira abrirá portas em 2024.
“Acreditamos que num período de oito meses poderão ser ultrapassadas as metas de licenciamento e alvarás. A construção começará em 2023 e abriremos portas em 2024”, referiu.
O projeto da futura pousada rural “está em fase de elaboração, e de análise do tipo de intervenção que pode ser feita no imóvel, de acordo com as exigências da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e da Câmara de Paredes de Coura, para manter, o mais próximo possível, as características originais do edificado”.
“Não queremos que seja só uma pousada, mas um espaço de dinamização cultural, artística, de encontro das várias linguagens do património e das artes da região, trabalhando em articulação com a agenda cultural da vila”, especificou.
O investidor brasileiro, com doutoramento em museologia, e a sócia, da área de conservação, “procuravam há algum tempo concretizar um projeto de valorização de património cultural e com grande potencial para dinamizar”.
O historiador e gestor cultural “acompanhada o programa Revive, na tentativa de encontrar uma possibilidade”, que se concretizou agora em Paredes de Coura, envolvendo “todo o trabalho de restauro e, ao mesmo tempo, promover a dinamização cultural da região, com todas as suas referências imateriais, gastronómicas, o seu património natural e paisagístico”.
“O concelho de Paredes de Coura é passagem dos Caminhos de Santiago, na Galiza, e está próximo do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), em plena região transfronteiriça, de diálogo entre Portugal e Galiza”, referiu Marcelo Murta.
Em nota enviada à imprensa, a Câmara de Parede de Coura explicou que a concessão, por 50 anos, prevê o pagamento, pelo investidor, de uma renda mínima anual de 13.800 euros (1,150 euros mensais).
A “fase de licenciamento do projeto, bem como a realização das obras devem estar concluídas no prazo máximo de quatro anos”.
A Casa do Outeiro, “integra um conjunto notável de solares de Paredes de Coura, que na região são preferencialmente denominados Casas Grandes”.
O imóvel “teve a função agrícola como atividade predominante, face à extensão dos dois espigueiros existentes no terreno fronteiro à casa”.
A “propriedade possui uma área total de 10.443,30 metros e uma área edificada de 2.353,54 metros, a que acresce ainda uma área de possível ampliação.
“Apresentando um amplo corpo de construção de diferentes épocas, a arquitetura da Casa do Outeiro vagueia pelo maneirismo, pelo barroco, e numa fase mais tardia, pelas linhas simples e direitas de finais do século XIX”, especificou a autarquia.
Em junho de 2020, a Câmara de Paredes de Coura procedeu à alteração ao Plano Diretor Municipal para “alargar” o uso do solar setecentista, permitindo a sua recuperação para fins turísticos, através do programa Revive.
“O solar é uma construção de tipologia seiscentista, ladeada de capela, e que combina modelos de raízes erudita e popular, em que sobressaem os cunhais, cimalhas, molduras e ornamentos em granito”, lê-se na descrição do imóvel.
O programa de reabilitação e valorização de património do Estado (Revive Património e Revive Natureza) é uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, da Cultura e das Finanças, e “pretende recuperar imóveis que se encontrem devolutos ou em mau estado de conservação, que não tenham potencial para serem adaptados para fins de habitação, permitindo que neles se desenvolvam projetos turísticos com recurso a investimento público e privado”.
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