Entrevista a Ricardo Santos

O diretor da FEUP e especialista em Ferrovia Rui Calçada analisa os desafios do novo ciclo de investimentos ferroviário, o seu impacto nas metas ambientais do país e o contributo que a Linha de Alta Velocidade pode dar à coesão territorial. Rui Calçada deixa ainda um alerta para a necessidade de olhar para a inclusão de Portugal nos corredores ferroviários de transporte de mercadorias, sob pena de condenar o país ao isolacionismo.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia: Ricardo Santos

Já referiu em intervenções anteriores que os investimentos em ferrovia não são muito atrativos porque não se ajustam à duração dos ciclos políticos. Contudo, isso é válido para Portugal ou para qualquer outro país. Mas Portugal compara mal com o resto da Europa em termos de performance na ferrovia, olhando para o índice do Boston Consulting Group de 2017 [Portugal surge em antepenúltimo lugar, apenas à frente da Roménia e da Bulgária]. Que outros fatores, para além do ciclo político, podem justificar este desinvestimento? A localização periférica do país também contribui?

A localização periférica do país pode contribuir um pouco mais nas ligações internacionais, mas não justifica o [não] desenvolvimento da rede de alta velocidade no próprio país. Faltou um plano, como o Plano Rodoviário Nacional, que data de 1985 e foi revisto em 2000, em que houve um entendimento e se estabeleceram as prioridades estratégicas para o desenvolvimento da rede, e eram muito claras. Isso serviu de guião para o desenvolvimento do transporte ao longo dos vários governos. Aqui nunca existiu verdadeiramente um plano de desenvolvimento do setor. Começou a ser construído agora, e tem-se exigido de alguma maneira que haja um amplo consenso.

Há alguma razão para ter demorado tanto face à rodovia?

Estávamos numa altura em que o setor automóvel estava em grande crescimento, havendo também se calhar uma certa preferência das pessoas por um meio de transporte mais flexível. O transporte ferroviário nunca vai assegurar um transporte porta a porta, o first e o last mile. Cada vez mais, aquilo a que se está a assistir, e a tecnologia também o permite, é uma maior procura em tentar estabelecer uma rede ferroviária que estruture o país do ponto de vista da mobilidade, fortemente articulada com todos os outros modos de transporte, e que para o utilizador seja muito fácil utilizar essa rede multimodal. O que temos hoje ainda é uma complexidade. (...)

Leia a entrevista completa na Construção Magazine nº122 jul/ago 2024, dedicada ao tema 'Ferrovia'

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