Projetos de obras de arte model-based – exemplos na Noruega
Foto: Ponte Raunesteinsli – Final da obra e vista do modelo de estruturas
O mercado escandinavo, em particular a Noruega e a Finlândia, foi pioneiro no impulsionamento da construção utilizando modelos BIM (model-based construction), onde esta metodologia é corrente e amplamente exigida em obras públicas. Em Portugal, dão-se os primeiros passos neste sentido, como é o caso de recentes concursos para obras de arte no território nacional.
Neste tipo de projetos são desenvolvidos modelos BIM das várias especialidades, devidamente coordenados ao longo das etapas de projeto, com a representação geométrica dos elementos que compõem a obra, complementada com a informação necessária à construção, o que tem claros benefícios na definição de soluções, resolução de conflitos e gestão de informação. Acresce a vantagem de se dispensar a elaboração dos tradicionais desenhos 2D, já que toda a cadeia de produção estará capacitada para extrair informação dos modelos BIM. Têm, ainda, a mais-valia de serem uma fonte de informação completa para a fase posterior de gestão e manutenção dos activos (facility management).
Apresentam-se dois projetos desenvolvidos integralmente em BIM – model-based para a Noruega. A ponte Raunesteinsli é uma passagem inferior rodoviária em betão armado e pré-esforçado integrada num nó rodoviário que assegura o trânsito da auto-estrada E39, em Lyngdal, no sul do país. A ponte Karl-Johan é uma passagem inferior ferroviária em betão armado que visa permitir o atravessamento da estrada Karl-Johan sob a nova linha de alta velocidade que irá substituir a linha convencional, conectando Eidsvoll a Hamar, a norte de Oslo.
Ambas as obras se inserem em projetos de grande dimensão, contemplando obras de arte de variados tipos, sendo os projetos de todas as especialidades desenvolvidos integralmente em BIM (incluindo, por exemplo, os modelos da componente geotécnica).
O processo de elaboração destes projetos é descrito com foco nas particularidades model-based:
- Integração do faseamento construtivo – visualização/extração de quantidades por fase;
- Modelação paramétrica de elementos geométricos e armaduras;
- Definição e gestão da informação (data) de apoio à construção;
- Resolução de conflitos (clash control) entre especialidades;
- Compatibilização do projeto com requisitos de fornecedores;
- Controlo de qualidade dos modelos (IFC) numa plataforma de modelo federado.
WORKFLOW DOS PROJETOS MODEL-BASED
Definição de soluções e incorporação dos dados de base
Os projetos de obras de arte baseados em modelos iniciam-se com a análise de condicionantes e elementos de base, como a superfície de terreno natural e a directriz da rodovia/ferrovia – incorporados desde logo em ambiente BIM como modelos de referência, seguindo-se a fase de concepção, modelação e discussão de soluções inter-especialidades. Desta forma, a coordenação do projeto pode ser feita sobre um modelo federado, contemplando ficheiros IFC de cada especialidade, cujo nível de detalhe e de informação necessária depende do Model Matury Index (MMI) definido para casa fase. Este modelo de coordenação, facilmente acessível através de plataformas cloud, contribui para elevados níveis de confiança e qualidade e permite que os donos de obra acompanhem em “tempo real” o desenvolvimento do projeto de uma forma intuitiva e abrangente, centralizando a informação num modelo. (...)
Desenvolvimento dos modelos
Após a concepção das soluções, são desenvolvidos modelos 3D de cada especialidade, primeiramente para serem alvo da revisão de projeto em ambiente BIM e, após aprovação, para habilitar a construção.
O processo de modelação das obras em questão recorreu ao software Tekla Structures, tirando partido da funcionalidade Tekla Model Sharing, permitindo que vários intervenientes efectuem alterações ao modelo central (armazenado na cloud) em simultâneo, utilizando cópias locais de leitura e/ou escrita.
Todos os elementos estruturais e equipamentos foram agrupados por tipo e por etapa de execução, permitindo uma filtragem mais fina dos elementos modelados e a visualização do processo construtivo.
Por Pedro Azevedo, Pedro Cabral, Tiago Vieira, Rodrigo Borges
Armando Rito Engenharia
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