Eficiência energética versus conforto térmico

A 7ª edição do EnerDia – Seminário de Eficiência Energética nos Edifícios organizado pela Construção Magazine – contou com 235 participantes. Os temas em destaque incluíram o enquadramento legal e o conforto térmico.

Alterações introduzidas ao Sistema de Certificação Energética

A primeira intervenção coube a Rui Fragoso, da ADENE, que explicou as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 28/2016, de 23 de junho, cujo intuito é clarificar a definição de um edifício sujeito a grande intervenção. Na versão atual, este conceito passa por um edifício em que se verifique que o custo da obra relacionada com a envolvente e ou com os sistemas técnicos seja superior a 25 % do valor da totalidade do edifício, compreendido, quando haja frações, como o conjunto destas, com exclusão do valor do terreno em que este está implantado. Quando se tratar de um ampliação, o custo da parte ampliada tem de exceder em 25 % o valor do edifício existente respeitante à totalidade do edifício. Por fim, para determinação do valor do edifício, recorre-se ao custo de construção da habitação por metro quadrado, fixado anualmente para as diferentes zonas do país, por portaria. Referência atualmente em vigor 700€/m2.

Conforto térmico vs eficiência energética

Armando Pinto, do LNEC, apresentou uma metodologia para avaliar a relação entre conforto térmico e necessidades térmicas de aquecimento, alertando que o aumento da espessura do isolamento apenas tem levado a ganhos de temperatura entre 0,5 e 1 grau. Segundo este modelo, a temperatura média estimada para o mês de janeiro pode ser usada como indicador de comportamento térmico passivo.

O desafio colocado pela reabilitação

Vasco Peixoto de Freitas, da FEUP, convidou a audiência a refletir sobre o “exercício muito complexo” que a reabilitação coloca, alertando para a necessidade de pensar sobre o que os edifícios e a sociedade precisam. O Professor lembrou a especificidade climática de Portugal, que não se coaduna com as normas emanadas de Bruxelas para a eficiência energética, pensadas para os climas frios do norte da Europa, onde a eficiência energética se afigura como uma prioridade tendo em conta os inevitáveis custos com aquecimento. Em Portugal, o clima, os aspetos económicos e os próprios hábitos culturais determinam um comportamento diferente. De um modo geral, o aquecimento não é feito de forma contínua mas apenas quando os ocupantes sentem essa necessidade. A prová-lo está o facto de a maior fatia do consumo energético nas casas portuguesas estar alocada às cozinhas. A percentagem do aquecimento no consumo doméstico de energia em Portugal é de 21 % (dados de 2012), sendo que a média da Europa é de 67 %. O peso do aquecimento e do arrefecimento no consumo global de energia em Portugal é de apenas 4 %, o que obriga, para Vasco Peixoto de Freitas, a colocar a tónica no conforto e não na eficiência energética. Isto consegue-se adaptando as soluções às condições de utilização do edifício.

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