Avaliação sísmica de edifícios com estrutura em alvenaria não reforçada: questões em aberto e soluções
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A avaliação e reforço sísmico de edifícios tem estado na ordem do dia nos últimos anos. O tema é bastante complexo, principalmente quando se lida com edifícios com estrutura em alvenaria não reforçada, tendo em conta a grande variabilidade de formas e materiais estruturais e disposições construtivas. A aprovação dos Eurocódigos Estruturais em Portugal (Despacho Normativo n.º 21/2019) e, especificamente, a Parte 3 do Eurocódigo 8 (EC8-3) [1], traz um conjunto de novidades e desafios à comunidade técnica. Procura-se, neste artigo, abordar a avaliação e reforço sísmico de edifícios com estrutura em alvenaria não reforçada à luz do Anexo C do EC8-3 [1], com o objetivo de indicar algumas das questões em aberto relacionadas com a avaliação sísmica destas estruturas e, em particular, com os procedimentos estáticos não lineares, e fornecer soluções.
Vários estudos têm apontado que a avaliação sísmica de edifícios com estrutura em alvenaria não reforçada deve ser realizada por procedimentos não lineares [2, 3]. Enumeram-se algumas razões: 1) a observação de danos de sismos em todo o mundo tem demonstrado que os edifícios em alvenaria não reforçada apresentam, mesmo para ações sísmicas moderadas, comportamento não linear mais elevado quando em comparação com outras estruturas [4], 2) o uso de procedimentos lineares fornece resultados demasiado conservativos e 3) grande parte dos edifícios em alvenaria não reforçada possui pavimentos e cobertura em estrutura de madeira, com baixa rigidez no seu plano e/ou insuficientemente ligados às paredes para se admitir que podem distribuir as forças de inércia entre os elementos verticais como diafragmas rígidos (alínea C.3.2 do EC8-3 [1]). Dentro dos procedimentos não lineares, as análises dinâmicas são certamente o método de análise mais preciso, mas requerem um conhecimento mais detalhado e um maior esforço computacional, o que que limita a sua aplicação. Assim, as análises estáticas não lineares são geralmente preferidas. Contudo, existem ainda alguns pontos críticos à sua aplicação a edifícios com estrutura em alvenaria não reforçada. (...)
Referências
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Em colaboração com Ana Simões, CERIS – Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
Artigo completo na Construção Magazine nº102 mar/abr 2021, dedicado ao tema 'Reabilitação Sísmica, Reabilitação do Património e Projeto'
Professora do Instituto Superior Técnico
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