Ponte Ferreirinha sobre o rio Douro

Imagem: Relação da geometria do tabuleiro com a Ponte da Arrábida

A ponte D. Antónia Ferreira sobre o rio Douro entre o Porto (Campo Alegre) e Vila Nova de Gaia (Candal), servirá a linha de Metro Rubi (H) entre Casa da Música e Santo Ovídio. A travessia localiza-se a montante da Ponte da Arrábida e insere-se numa zona fortemente artificializada, de cariz urbano, intercalada com pequenas áreas florestais nas encostas.

Na Figura 1 é possível observar a localização da travessia e a sua inserção no tecido urbano dos conjuntos dos concelhos interligados.

Inserção urbana da Travessia (Fonte: Metro do Porto, Processo de Concurso)

Conceção estrutural

Em termos de conceção, a primeira decisão fundamental passou pela definição da posição dos apoios principais da obra de arte. De acordo com os termos de referência do projeto, estes devem necessariamente estar fora do leito do rio. Se estivessem dispostos exatamente no limite do leito, anexos às vias marginais, o vão principal seria de cerca de 330 m. No entanto, esta posição acarretaria grandes desvantagens, nomeadamente mais danos ao leito do rio, maior risco de impacto de embarcações, maior obstáculo visual para os edifícios das margens esquerda, direita e para a observação da Ponte da Arrábida a partir da marginal, bem como soluções de fundação muito complexas e onerosas.

Assim, como ponto de partida, assumiu-se que os apoios em ambos os lados se deviam situar atrás da marginal e, no caso da margem esquerda, atrás do edifício existente do Armazém da Arrozeira.  O resultado é um vão principal de aproximadamente 400 m, que otimiza a integração com edifícios existentes, reduz o impacto visual sobre a ponte da Arrábida, tem nula afetação ao rio e otimiza as condições de fundação.

Para um vão central da ordem dos 400 m existe um conjunto limitado de soluções tecnológicas estruturais eficientes, nomeadamente as pontes em arco, pontes pórtico, pontes atirantadas e pontes suspensas.

As soluções de ponte atirantada ou ponte suspensa foram descartadas por exigirem a disposição de elementos acima do tabuleiro, o que, do ponto de vista de integração na cidade, na paisagem e na relação com as pontes existentes no Porto, em especial a da Arrábida, seria uma opção muito negativa.

A solução do tipo pórtico mostrou-se a mais adequada aos condicionamentos existentes, revelando-se estruturalmente muito eficiente, facto que motivou a sua adoção. Para tal, considerou-se uma sequência entre os pontos de apoio para o tabuleiro no vão principal de 124,3 + 180 + 124,3 m, sendo o tabuleiro prolongado sobre ambas as margens até atingir os encontros, numa sucessão equilibrada com uma modulação de vãos de 21+ 30 + 55 + 104 + 428,6 (124,3 + 180 + 124,3) + 98,4 + 65 + 33 m, sempre próxima do ótimo estrutural.

Outra decisão inicial fundamental foi a opção pelo betão como material estrutural principal, pela sua durabilidade, menores custos de construção e manutenção. Para esta faixa de vãos entre 100 e 180 m, o tabuleiro com secção em caixão de betão armado pré-esforçado de altura variável é a solução tecnológica mais competitiva e eficiente no contexto do ciclo de vida, tanto a nível estrutural como económico, tal como ilustram os exemplos das vizinhas Pontes de São João e do Freixo. Para a estrutura atingir as proporções e a fluidez adequadas, o tabuleiro e as escoras foram integrados, formando uma peça única e contínua que se relaciona inegavelmente com a curva do arco da Ponte da Arrábida.  (...)

Por Miguel Sacristan, Arenas & Asociados
Filipe Vasques, EDGAR CARDOSO
Emílio Merino, Arenas & Asociados

Leia o artigo completo na Construção Magazine nº126 mar/abr 2025, dedicada ao tema "Pontes".

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