Construindo o futuro: como a IA está a transformar a gestão da construção

Fotografia: Bruno Thethe_Pexels
(...) A indústria da construção sempre foi caracterizada por uma lenta evolução tecnológica. Em parte, por ser sustentada em mão-de-obra muitas vezes indiferenciada, cujo custo aparente fica aquém do investimento em nova tecnologia. Em alturas de incerteza, tradicionalmente, muitas empresas de construção optaram por gerir o número de colaboradores em vez de se modernizarem tecnologicamente.
Podemos afirmar que a coordenação de vários projetos em simultâneo, muitas vezes complexos e em localizações e condições diferentes, tornam cada projeto como um caso único, não facilitando a otimização.
A pouca transparência no mercado, a natureza cíclica, o alto nível de fragmentação do setor, que opera muitas vezes através de pequenas empresas familiares, a informalidade e má comunicação entre stakeholders contribuem igualmente para a persistência dos problemas.
Enquanto outras indústrias acompanharam a revolução do digital para aumentarem a produtividade, a construção ficou para trás, sendo atormentada com os mesmos problemas há anos, tais como atrasos, derrapagens de custos e uma significativa suscetibilidade a acidentes de trabalho. As ineficiências na gestão de projeto, especialmente no planeamento e agendamento de atividades, são frequentemente apontadas como as principais causas da falta de produtividade.
A produtividade da mão-de-obra no setor da construção é baixa, tendo crescido, globalmente, a uma média de 1 % ao ano entre 1997 e 2017, comparando com 3,6 % das indústrias de manufatura. Portugal não é exceção. Dados do EDUStat revelam um valor acrescentado por hora de trabalho na construção, em Portugal Continental, em 2019, de 13,15€/h, contrastando com 19,83€/h na média de todas as atividades económicas. (...)
Por João Fragoso Januário, investigador em Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, partner na StoneBrick
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