Remodelação da Central Hidroelétrica da Serra de Água: Projeto de execução e construção

A central hidroelétrica da Serra de Água, inaugurada em 1952, foi a primeira a ser construída na Região Autónoma da Madeira (RAM) e produziu 1000 GWh de energia elétrica de origem renovável durante os 70 anos de exploração. A potência instalada foi incrementada de 5,2 MW para cerca de 10,8 MW, o que permitirá uma maior capacidade de resposta na regulação do sistema elétrico e eficiência da gestão hídrica.
As intervenções principais no edifício da central e respetivo circuito hidráulico consistiram na reabilitação e reforço estrutural da câmara de acumulação e construção de uma nova estrutura de câmara de carga. À implantação da nova conduta forçada, de aço DN1200, com extensão total de cerca de 850 m, está associada a construção de 16 novos maciços de amarração e 68 maciços de suporte, de betão armado, que asseguram a respetiva fixação e apoio.
Na central hidroelétrica, para acomodar os novos grupos equipados com turbinas do tipo Pelton, de eixo vertical, foi projetada uma nova estrutura interior fundada através de microestacas e novos pilares para suportar as vigas de apoio do caminho de rolamento da nova ponte rolante.
Nas intervenções da central, manteve-se inalterada a arquitetura exterior do edifício, conforme projeto do Arq.º Raúl Chorão Ramalho de 1948. Os trabalhos de remodelação iniciaram-se em outubro 2022, sendo a intervenção concluída no primeiro semestre de 2024, dando cumprimento aos prazos do PRR.
Introdução
O presente artigo descreve os aspetos gerais e de construção civil do projeto de execução e da realização da Empreitada de Remodelação da Central Hidroelétrica de Serra de Água, na ilha da Madeira, desenvolvido para a EEM - Empresa de Eletricidade da Madeira, S.A. pela COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A. O Projeto de Execução, foi elaborado segundo as premissas elencadas pela EEM:
– A arquitetura exterior do edifício da central hidroelétrica deverá ser mantida inalterada e interiormente as eventuais alterações deverão ser minimizadas, visto tratar-se de um edifício de valor histórico para a EEM e para a região, sendo um projeto assinado pelo Arq.º Raúl Chorão Ramalho;
– As intervenções a prever na central deverão incluir todas as necessárias à consolidação da respetiva estrutura, por forma a prolongar a vida útil da mesma;
– A reabilitação do Aproveitamento Hidroelétrico da Serra de Água tem como principal objetivo aumentar a capacidade da EEM em oferecer serviços de sistema, isto é, o projeto deverá ser desenvolvido numa orientação de dotar a central de grupos com capacidade para efetuar compensação síncrona, bem como, de entrarem rapidamente na rede para compensar quebras de produção repentinas por parte de outras fontes de produção renovável, nomeadamente eólica e solar. Neste sentido, foi estudada a R.V. Rodrigues, V. Gama, A. Duarte, C. Costa, G. Mateus COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A. A. Figueira, M. S. Gouveia, A. Henriques, F. Santos EEM – Empresa de Eletricidade da Madeira – Direção de Estudos e Planeamento máxima capacidade possível de se instalar tendo por base as disponibilidades hídricas e não por análise de produção anual versus investimento.
O esquema geral do aproveitamento e das intervenções efetuadas é apresentado na Figura 1.

Enquadramento histórico e situação anterior à obra
A Central Hidroelétrica da Serra de Água entrou em serviço em 1952 e encontrava-se equipada com dois grupos turbina-alternador com 2,4 MW de potência unitária, tendo, entretanto, um deles sido equipado com uma nova roda que permitiu o aumento da sua potência nominal para 2,8 MW.
A central da Serra de Água fica situada na ribeira da Achada e utiliza águas do Paúl da Serra, captadas por um sistema de dois canais. A adução à central era assegurada por uma conduta forçada com 850 m de desenvolvimento e diâmetros de 600 mm e 550 mm, dimensionada para o caudal de uma turbina. Assim, a conduta forçada estava calculada para transportar o caudal nominal de 750 l/s com uma perda de carga de 4 %. As turbinas inicialmente instaladas eram do tipo Pelton de eixo horizontal, cada uma para um caudal de 0,75 m3/s, sob uma queda útil de 406 m (com um grupo em funcionamento) que se reduzia para 387 m (com dois grupos em funcionamento). (...)
Por R.V. Rodrigues, V. Gama, A. Duarte, C. Costa, G. Mateus
COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A.
A. Figueira, M. S. Gouveia, A. Henriques, F. Santos
EEM – Empresa de Eletricidade da Madeira – Direção de Estudos e Planeamento
Leia o artigo completo na Construção Magazine nº 125, janeiro/ fevereiro 2025 dedicada ao tema "Betão Estrutural".
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