Reabilitação do Relógio de Sol em Vila do Conde

DR

Apresenta-se neste artigo uma intervenção de reabilitação realizada em 2019 numa peça escultural em madeira lamelada colada existente na cidade de Vila do Conde, designada Relógio de Sol.

O autor coordenou o estudo de inspeção, diagnóstico e projeto de reabilitação realizado em 2018 pelo IC – Instituto da Construção, da FEUP, e que integrou também o eng. Rui Sousa, colaborador do IC.

O Relógio de Sol em Vila do Conde

O “Relógio de Sol” em Vila do Conde é uma peça escultural em madeira lamelada colada e foi construída em 2001. Trata-se de uma obra do escultor José Rodrigues, licenciado em 1963 pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde foi professor, recentemente falecido em setembro de 2016. 

Esta escultura localiza-se na Praça D. João II, junto à margem direita do Rio Ave, a cerca de 1km da costa marítima de Vila do Conde. 

Em 2007 a escultura foi objeto de uma intervenção/tratamento na sua superfície exterior, essencialmente ao nível da pintura de acabamento, e em 2019 foi objeto de uma intervenção mais profunda de reabilitação e reforço estruturais que se descrevem neste artigo.  

Descrição da estrutura

Trata-se de uma estrutura constituída por uma viga inclinada (cerca de 23º) com 46,5m de comprimento/vão e por um pilar com aproximadamente 16m de altura. Estes elementos encontram-se ligados entre si, formando uma peça em triângulo com cerca de 43m de base por 18m de altura. 

A escultura em triângulo encontra-se assente em dois maciços de encabeçamento de estacas em betão armado, um para o pilar e outro para a viga inclinada. Os referidos maciços estão ligados entre si por um cabo tensionado. 

A viga inclinada e o pilar possuem uma secção transversal quadrada oca em tubo com as dimensões de 2x2m2, formada na periferia do tubo por painéis de madeira lamelada colada laterais e superior/inferior com 16cm e 12cm de espessura, respetivamente. 

O pilar é realizado por uma peça única e a viga inclinada é constituída por 3 peças (2 laterais e uma central), ligadas entre si através de 2 ligações localizadas sensivelmente a ¼ e ¾ do vão da viga inclinada.

As ligações entre as peças laterais e a peça central da viga inclinada (ligação viga-viga) são realizadas com ligações madeira-aço em corte duplo, ver Figura 2, e a ligação pilar-viga é realizada através de ligações madeira-aço em corte simples.

A fixação da escultura às fundações é realizada através de ligações metálicas (chapas fixadas a varões embebidos no betão das fundações) e ligações madeira-aço em corte duplo (peça central em madeira, chapas laterais interiores e exteriores com cerca de 10 a 12 mm de espessura e parafusos de porca M20 a M24).

No exterior, nas zonas de ligação pilar-viga, viga-fundação e pilar-fundação existe um revestimento exterior realizado em chapa de aço “Korten” e nas ligações viga-viga existe um revestimento exterior realizado muito localizado feito com placas de madeira, de modo a esconder a ligação na sua face exterior. 

No interior, a escultura possui elementos de reforço/construção, designadamente perfis metálicos montados diagonalmente ao longo dos cantos da seção transversal com um espaçamento variável, bem como barrotes/vigas longitudinais fixadas ao longo dos cantos da seção transversal com parafusos de porca. (...)

Leia o artigo completo na Construção Magazine nº 97, maio/ junho 2020

José Amorim Faria

Membro do Conselho Científico da Construção Magazine / Professor na FEUP

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