Lote 2 do prolongamento das Linhas Amarela e Verde do Metropolitano de Lisboa: Estação Santos – Cais do Sodré

A nova Linha Circular do Metropolitano de Lisboa, materializada através do prolongamento das linhas Amarela e Verde, desde a Estação Rato, atual estação terminal da Linha Amarela, até à Estação Cais do Sodré, atual estação terminal da Linha Verde, prevê a construção de duas novas estações – Estrela e Santos – e cerca de 2 quilómetros de túnel de via, permitindo o fecho destas duas linhas em anel, de modo a melhorar a mobilidade na zona central da cidade de Lisboa.
A Empreitada de Projeto e Construção do Lote 2, a que diz respeito o presente artigo, tem uma extensão de cerca de 665 m, desde o tímpano norte da estação Santos até à ligação ao término do Cais do Sodré, atravessando uma zona de intensa ocupação urbana.
Este lote prevê a construção de uma nova estação (Estação Santos) e a remodelação do topo poente da Estação Cais do Sodré para criação de um novo acesso e novas ligações às plataformas ferroviários da Infraestruturas de Portugal (IP), assim como o túnel de via e um poço de ventilação, entre estas duas estações.
A Estação Santos, a cerca de 25 m de profundidade, encontra-se implantada na zona do Quartel do Regimento de Sapadores Bombeiros (QRSB) que atualmente ocupa a área do antigo Convento da Esperança, do séc. XVI, a poente da Av. D. Carlos I, onde será o seu principal acesso.
O túnel de via será executado pelo método NATM sob a zona do Chafariz da Esperança, com cerca de 60 m de extensão, e pelo método Cut&Cover, dado o reduzido recobrimento e as fracas características dos terrenos atravessados, desde a Av. Dom Carlos I até à Av. 24 de Julho, ligando ao Término do Cais do Sodré existente e atualmente em operação.
Entre a Estação Santos e a Estação Cais do Sodré será realizado o poço de ventilação PV218, localizado na zona do Aterro da Boavista, no tardoz do edifício do IADE.

PRINCIPAIS CONDICIONAMENTOS
Traçado
A solução de traçado, definida pelo Metropolitano de Lisboa no Programa Preliminar patenteado a concurso, foi condicionada pelo desnível de cerca de 52 m entre os dois pontos de ligação dos PBV (Plano Base de Via) dos atuais términos do Rato e do Cais do Sodré, e pelo seu encontro com as vias existentes, que determinou o rumo do traçado nestes pontos, para além das várias condicionantes físicas existentes neste corredor, nomeadamente a necessidade de afastamento ao edifício do IADE e a existência de um parque de estacionamento subterrâneo no Largo Vitorino Damásio.
Em perfil longitudinal, a inclinação máxima admitida para os traineis foi de 4,00 % em plena via e de 0,30 % em zonas de estação, términos e vias de manobra e aparelhos de mudança de via. Em planta, o raio mínimo admitido para o traçado foi de 200 m, sendo que as estações foram dispostas em alinhamentos rectos.
Geológico-geotécnicos
A geologia ocorrente no Lote 2 pode ser subdividida em duas partes: a primeira, até à entrada no paleovale resultante da antiga linha de água que se prolonga do alinhamento da Rua de S. Bento, onde predominam os terrenos miocénicos (Argilas dos Prazeres) e o Complexo Vulcânico de Lisboa (CVL) compostos por brechas, basaltos, tufos e calcários da formação da Bica; e a segunda, a partir da entrada no paleovale, onde se verifica a presença de aterros e aluviões, de predominância arenosa ou argilosa, sobrejacentes aos terrenos miocénicos e ao CVL. As unidades litológicas, que em geral apresentam uma inclinação para S-SE, foram subdivididas em subunidades... (...)
Por Gonçalo R.Mateus, Febin Naguindás, M.Cristina Costa, Raúl Pistone, Sandra Ferreira,
COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente, S.A.
Rui Tomásio, Catarina Fartaria, Carlos Martins, Alexandre Pinto, JETsj, Geotecnia
Rui Pina, Metropolitano de Lisboa, E.P.E.
António Tavares, Metro Santos Sodré, ACE
Leia o artigo completo na Construção Magazine nº 125, janeiro/ fevereiro 2025 dedicada ao tema "Betão Estrutural".
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