Matérias-primas e mão-de-obra podem provocar “constrangimentos” ao PRR

Os custos das matérias-primas, a falta de mão-de-obra no setor da construção e os custos administrativos “podem provocar constrangimentos” à execução dos objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência para a habitação, defenderam especialistas do setor.

As prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o investimento em habitação foi o tema que juntou o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Mineiro Aires, o presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), Hugo Santos Ferreira, o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), Paulo Caiado, e o vereador do urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, na IX Semana da Reabilitação Urbana do Porto.

Para Carlos Mineiro Aires, a capacidade instalada, bem como a falta de mão-de-obra são os “desafios mais complexos” que o setor enfrenta, tanto ao nível do PRR, como do programa Portugal 2020 e Portugal 2030.

Salientando que a falta de mão-de-obra “não era novidade”, o bastonário dos Engenheiros afirmou que a mesma se “agravou” e que a subida dos preços das matérias-primas foi uma “surpresa” para todos.

“Pelo mesmo preço não se vai conseguir fazer o mesmo e isso são fortes constrangimentos para o PRR”, considerou.

Também o presidente da APPII defendeu que o problema da habitação acessível se vai “agudizar” com o aumento do preço das matérias-primas, considerando que se tal não for controlado, o PRR “poderá prejudicar o crescimento económico e a resiliência do setor”.

Hugo Santos Ferreira considerou ainda que os custos associados ao licenciamento dos processos é “um problema nacional”, sugerindo a sua resolução com a criação de uma ‘task-force’, que aproveitasse os fundos provenientes do PRR para solucionar essa questão.

Já o presidente da APEMIP salientou a necessidade do PRR ser “alocado devidamente”, considerando que a grande dificuldade no acesso a habitação “resulta dos preços” e que o país tem de ser capaz de “aumentar a oferta imobiliária”, nomeadamente, através da edificação de novos fogos.

Por sua vez, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto disse recear que, com “a avalanche de obra que o país vai ter no âmbito do PRR”, as matérias-primas e mão-de-obra sejam entraves à mesma, lembrando ainda que “tempo não é um luxo” que o país tem face à data de execução dos projetos ancorados ao programa.

Também o presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, Manuel Reis Campos, que foi moderador do debate, salientou que os dois fatores (matérias-primas e mão-de-obra) podem condicionar os concursos públicos, nomeadamente, deixando-os “desertos”.

Manuel Reis Campos disse ainda não entender como é que, face ao número de desempregados, a “falta de mão-de-obra ainda seja um tema de discussão”.

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