Estruturas de madeira e usufruto da natureza (4): Pérgolas em madeira e derivados em ambiente exterior

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Neste artigo, mantém-se a linha do artigo anterior, apresentando uma abordagem mais técnica de um problema de uso de madeira no exterior, no sentido de apresentar regras gerais do tipo “boas práticas”, que possam ajudar muitos dos leitores desta coluna a conceber e realizar os seus trabalhos com garantias de maior durabilidade.
O tema do artigo são as pérgolas em madeira e derivados, em ambiente exterior expostas ao sol e à chuva e a ambientes termo-higrométricos, muito diferentes consoante as estações do ano e as horas de cada dia.
Breve descrição e recomendações construtivas
Uma pérgola é um elemento arquitetónico de uma construção, existente no seu exterior, e destinado a criar um ambiente exterior sombreado nos períodos de primavera/verão, ou sempre que as temperaturas exteriores sejam convidativas ao uso desses espaços.
Pode ser usado em muitos espaços, tais como hotéis, logradouros de habitações, espaços exteriores de restaurantes, entre outros.
Em termos construtivos, indicam-se em seguida alguns princípios a respeitar em pérgolas à base de estruturas de madeira.
- Os elementos verticais podem ser em madeira, mas haverá vantagem em serem em betão armado ou similar, de modo a garantir uma maior base de apoio aos elementos horizontais (vigas) em madeira; se os elementos verticais forem em madeira, deverá ser garantido um espaçamento de pelo menos 20 cm dos seus apoios em relação ao nível do pavimento (embasamento);
- A estrutura deverá ser devidamente sombreada e ventilada durante todo o seu ciclo anual de funcionamento;
- As dimensões das peças deverão ser escolhidas, em geral, por questões de proporção/estética, garantindo-se, de qualquer forma, que têm robustez suficiente para as ações provocadas pelo vento e pelo peso das plantas, que pode ser bastante elevado no verão.
- Garantir um comportamento tridimensional da estrutura (todos os elementos de barra ligados entre si) mas “prendendo-a” o menos possível nos apoios, de modo a que as diferentes peças consigam acomodar os respetivos movimentos de origem termo-higrométrica, sem abrir fendas; garantir o movimento “de conjunto” em termos de expansão/contração com o mínimo de “amarras” possível nos apoios;
- Usar madeiras ou derivados com elevada durabilidade, adequada a classe de risco 3;
- Usar um acabamento por verniz, velatura ou pintura opaca, com muito elevada durabilidade; 7) usar ligadores industrializados de muito elevada qualidade; usar o mínimo de ligações possível; usar ligadores com durabilidade elevada;
- Os cabos que materializam o suporte dos sombreadores (plantas, lonas, outros materiais) deverão ser em aço inoxidável e apenas serem fixados nos seus extremos, garantindo folga para ventilação/movimento em todas as travessias das peças de madeira. (...)
Membro do Conselho Científico da Construção Magazine / Professor na FEUP
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