Edifícios de habitação em alvenaria de pedra e o sismo

FOTO CARL CAMPBELL/ UNSPLASH
A ocorrência de sismos em Portugal é um acontecimento relativamente frequente. No entanto, sismos de intensidade elevada que possam causar danos severos nos edifícios e outras estruturas já são muito menos frequentes. Sismos como o do terramoto de Lisboa, que ocorreu em 1755, e que praticamente destruiu a cidade da época e que foi sentido em todo o território nacional, têm um período de retorno entre os 1000 e os 2000 anos. A probabilidade de ocorrência é relativamente baixa.
No entanto, um sismo de elevada magnitude pode ocorrer em qualquer altura. Como afirmei em artigo anterior nesta publicação, as habitações em alvenaria antigas em utilização ou capacidade de serem utilizadas ainda são muitas. Por isso mesmo, é necessário que esses edifícios sejam devidamente avaliados em relação ao risco e à sua capacidade para resistir à ação sísmica prevista para esse determinado local, designada por vulnerabilidade sísmica. Em relação a um edifício novo com materiais modernos, a avaliação sísmica é relativamente fácil de realizar. Para edifícios em alvenaria existentes, torna-se complicado, obrigando a efetuar estudos adicionais específicos. Adicionalmente, a reutilização desses edifícios pode resultar no reforço estrutural dos elementos existentes e, consequentemente, mais oneroso para o proprietário.
A regulamentação nacional em vigor, obriga o proprietário a realizar uma avaliação da vulnerabilidade sísmica dos seus edifícios a reabilitar. No Eurocódigo 3 estão exemplificadas as metodologias de verificação à ação sísmica de edifícios existentes, em particular de alvenaria. Tendo em conta que a maioria dos edifícios habitacionais são relativamente regulares em altura e em planta, não possuem mais do que uma a três pisos e foram construídos em solos que se enquadram nas classes A, B e C, é possível rapidamente avaliar a suscetibilidade desses edifícios através dos métodos expeditos I e II do LNEC, que são métodos simplificados e, nesse sentido, conservadores. Esses métodos permitem rapidamente aferir se os edifícios possuem capacidade suficiente para resistir à ação do sismo. O método I é o que requer menos informação, sendo o mais expedito de todos, e será esse que será analisado neste caso. (...)
Autor: Francisco M. Fernades
CITAD, Universidade Lusíada - Norte
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