O desafio de conservar, inovando, na intervenção no património arquitectónico

“... renovar significa continuar – inovando, sendo portanto nossa opinião de que não deverá destruir-se, pelas respectivas obras a efectuar, o carácter dos edifícios existentes a conservar, ...”. A citação de Fernando Távora apresentada no parágrafo precedente estabelece, com a máxima actualidade, aquele que constitui o problema central de qualquer intervenção em edifícios portadores de valor cultural.
Nestes termos, não surpreende que, em diferentes contextos e geografias, tenha sido confrontado com afirmações equivalentes confirmando a existência de um relativo consenso nesta matéria.
Naturalmente que a natureza e relevância do edifício objecto de intervenção é determinante nesta questão, sendo certo que a mesma incide com particular pertinência nos edifícios ditos de arquitectura corrente – com especial destaque para todos aqueles que não beneficiam de nenhum tipo de protecção legal –, onde o necessário equilíbrio entre a preservação dos principais valores culturais neles identificados e a requerida satisfação de critérios de conforto, adequação funcional e disposições regulamentares actuais se coloca com especial acuidade.
Com efeito, nos edifícios de elevado valor cultural – tais como os bens que integram a lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura (UNESCO), monumentos nacionais, etc. – é razoavelmente aceite que as intervenções a realizar devem atender, fundamentalmente, à satisfação de princípios de conservação e restauro, hoje consensualmente estabelecidos, conduzindo a acções tão pouco intrusivas quanto possível.
Por outro lado, na intervenção em edifícios de arquitectura corrente, a necessidade de incrementar o seu desempenho funcional – acessos, compartimentação interior, requalificação de áreas sanitárias e cozinhas, condições de acessibilidade, etc. –, bem como de atender a requisitos regulamentares relacionados com a eficiência energética, condicionamento acústico, segurança estrutural – com ênfase para o eventual aumento da capacidade sismo- -resistente –, segurança contra incêndios, entre outros, implicam uma intervenção necessariamente mais intrusiva que, contudo, deve procurar atender à preservação dos valores culturais previamente identificados – e, desejavelmente, hierarquizados –, assim respondendo ao desafio de conservar, inovando. (...)
Leia o artigo completo na Construção Magazine nº 125, janeiro/ fevereiro 2025 dedicada ao tema "Betão Estrutural".
Autor da coluna Arquitetura
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