Conservação e restauro da fortaleza de Juromenha - metodologia de projeto e resultados

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A arquitetura militar portuguesa desempenhou um papel crucial na defesa do reino e na consolidação do Império Português, adaptando-se a diferentes épocas, territórios e desafios. No território continental, a construção de castelos e muralhas foi uma constante durante a Idade Média, em resposta às invasões muçulmanas e conflitos internos. Estas fortificações eram marcadas por torres, ameias e um sistema de muralhas integradas que protegiam populações e recursos estratégicos. Com o advento da artilharia no século XVI, houve a transição para a arquitetura abaluartada, inspirada nas teorias renascentistas italianas, com diversos exemplares construídos na zona raiana, como é o caso da fortificação de Elvas, projetada por Nicolau de Langres, e das muralhas modernas de Juromenha, da autoria de Cosmander e/ou de Nicolau de Langres, ambas executadas na última metade do século XVII.

A arquitetura militar portuguesa é, assim, muito rica, refletindo a grande adaptação à especificidade dos sítios e materialidades disponíveis, às mudanças tecnológicas e ao expansionismo marítimo, que revestem importantes valores a preservar. Contudo, em Portugal, as iniciativas para a sua preservação têm sido conduzidas principalmente pelas autarquias e de forma relativamente dispersa. 

Houve recentemente intervenções de conservação e restauro em fortificações que merecem destaque e importa partilhar as suas metodologias de projeto, bem como as dificuldades e sucessos no desenvolvimento das obras. No presente artigo descreve-se o essencial da metodologia de projeto para a conservação e restauro da fortaleza de Juromenha, um monumento-palimpsesto que incorpora estratos de diversas épocas ao longo de mais de um milénio, com grande autenticidade e integridade. Trata-se dum raro testemunho de um longo e contínuo processo de (re)adaptação ao longo das revoluções tecnológicas, desde a Idade Média, até à pirobalística e artilharia das fortificações modernas.

A Fortaleza de Juromenha

A fortaleza de Juromenha é constituída por dois níveis de fortificação, um perímetro exterior, designado por Fortaleza Seiscentista, e uma cerca interior, designada por Castelejo, Cerca, Castelo ou Muralha Islâmica / Medieval. A Fortaleza Seiscentista, composta pela cintura de muralhas exteriores, é do tipo abaluartada, com planta irregular, e é constituída por quatro baluartes e duas obras exteriores (um redente e um hornaveque). 

A fortificação moderna de Juromenha tem diversas melhorias, modificações e modernizações típicas do século XIX, no contexto das guerras peninsulares, com alteamento dos parapeitos, criação de um novo cavaleiro (dito de Sto. António), introdução de Través e proteção de ataques pelo interland. A cintura abaluartada é circundada por um fosso delimitado pelo caminho coberto que, por sua vez, é delimitado pela contraescarpa. (...)

Leia o artigo completo na Construção Magazine 129, setembro/outubro de 2025
António Sousa Gago

Membro do Conselho Científico da Construção Magazine

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