A transição digital na construção: adivinhar o futuro ou preparar-se para a incerteza?

FOTO GABRIL SOLLMANN/ UNSPLASH

Adivinhar o futuro

Dizer-se que “o futuro da Construção é digital” em 2025 é um truísmo. Nos últimos anos foram publicados vários estudos onde se prevê quais as tecnologias que deverão definir este futuro, e se estima o respetivo impacto na produtividade do Setor. Tal como sucede em outras áreas de atividade, também na Construção se constata que as previsões são incertas.

Por um lado, há uma propensão para sobreavaliar o impacto imediato de tecnologias cujo grau de adoção no mercado é ainda diminuto. Os Hype-Cycle [1] descrevem esta tendência comum a muitas inovações tecnológicas. Tecnologias como o BIM, por exemplo, tardam em ver traduzido o potencial que lhes é reconhecido nas estatísticas de produtividade e custos da construção. No Reino Unido o impacto esperado em resultado da adoção generalizada do BIM (redução de custos da construção de dois mil milhões de libras anuais) [2] está longe de ser atingido [3]. Este exemplo é relevante, uma vez que neste país o BIM é exigido em obras públicas desde 2016. Estes números requerem uma análise cuidada e devem ser encarados com prudência, mas não ignorados.

Por outro lado, a inovação é inerentemente imprevisível. Alguns dos estudos mais populares de há menos de uma década [4] não incluem a Inteligência Artificial ou o Blockchain, por exemplo, entre as tecnologias de maior impacto para o Setor, ainda que desde então se tenham multiplicado as implementações práticas destas e que os impactos daí decorrentes sejam hoje estimados de forma otimista.

Preparar-se para a incerteza

Constatando-se a dificuldade em identificar as tecnologias mais relevantes e o seu impacto na produtividade, importa discutir a atitude que as empresas devem adotar perante as sucessivas inovações disponibilizadas no mercado. De um modo geral, as empresas podem preparar-se para tirar partido das oportunidades resultantes das novas tecnologias, identificando as mais apropriadas para suportar as suas funções atuais.

Uma recomendação passa por privilegiar a análise de processos existentes, incluindo a informação necessária para os realizar. Este estudo de processos depende do contributo dos profissionais da Construção que os realizam. As tarefas recorrentes, com informação bem estruturada, são particularmente aptas para serem automatizadas. (...)

Por João Poças Martins
Professor Associado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Leia o artigo completo na Construção Magazine nº126 mar/abr 2025, dedicada ao tema "Pontes".

Newsletter Construção Magazine

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia Civil.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 12 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.