Obra de Agostinho Ricca na Casa da Arquitetura

Christina Genet

A família de Agostinho Ricca vai doar o acervo desta figura emblemática da arquitetura portuguesa, no dia 22 de maio. É composto por 12.500 esquissos e desenhos técnicos.

O arquivo da Casa da Arquitetura em Matosinhos prepara-se para acolher a obra de Agostinho Ricca. Numa cerimónia de doação prevista para quinta-feira 22 de maio às 18h30 no Espaço Álvaro Siza, o espaço cultural celebrará a integração da obra do arquiteto português no seu arquivo. A cerimónia contará com a presença de Helena Ricca, filha do arquiteto e representante da família doadora, bem como de João Luís Marques, arquiteto e docente na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Além de maquetes, fotografias e documentação escrita, a doação inclui mais de 12.500 esquissos e desenhos técnicos.

Com uma atividade profissional que se prolongou por mais de seis décadas, Agostinho Ricca tornou-se uma figura central da arquitetura em Portugal. Nasceu em 1915, no Porto, onde passou a maior parte da sua vida e estudou na Escola de Belas Arte. Após concluir a sua formação académica, integrou o Gabinete de Urbanização da Câmara Municipal do Porto, onde colaborou com o arquiteto italiano Giovanni Muzio no 1.° Plano de Urbanização da cidade, e participou também no restauro dos Paços dos Duques de Bragança, em Guimarães.

Uma abordagem sensível ao lugar

A partir de 1943, Agostinho Ricca iniciou a sua atividade em regime liberal e participou ativamente nos debates e movimentos da arquitetura moderna em Portugal. Teve a oportunidade de expor na III Bienal de São Paulo em 1952 e ainda no III Congresso da União Internacional de Arquitetos em Lisboa. Além disso, lecionou durante alguns anos no ensino superior, mas decidiu afastar-se por motivos políticos. Mais tarde, em 1991, foi destacado na exposição “Arquitetura Portuguesa Contemporânea: Anos 60 – Anos 80”, promovida pela Fundação de Serralves.

A obra do arquiteto é marcada pelas suas várias viagens ao estrangeiro, tanto pela Europa como pelos Estados Unidos, e por uma abordagem sensível ao lugar. Começou a sua carreira mais próximo da tradição académica das Beaux-Arts, para mais tarde seguir as tendências do modernismo de Alvar Aalto e Le Corbusier, antes de se aproximar do pós-modernismo, inspirado por arquitetos como Carlo Scarpa e Jean Nouvel. Entre os seus trabalhos mais emblemáticos destacam-se o Parque Residencial da Boavista/Foco no Porto e a Igreja da Sagrada Família em Chaves.

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