Fortaleza de Juromenha: conservação e restauro de estruturas em alvenaria e taipa — desafios técnicos e operacionais
DR
A Fortaleza
A Fortaleza de Juromenha, classificada como imóvel de interesse público desde 1957, localiza-se no concelho de Alandroal, numa posição estratégica sobre o rio Guadiana. A área regista ocupação humana contínua desde a pré-história, com presença romana, islâmica e cristã. No período islâmico, conhecida como Julumaniya, foi reconquistada definitivamente por Portugal em 1242. D. Dinis atribuiu-lhe foral e ordenou a reconstrução do castelo.
Durante a Guerra da Restauração, foi adaptada à artilharia moderna segundo projeto de Nicolau de Langres, mas sofreu grandes perdas com a explosão do paiol em 1659. Ocupada por tropas espanholas até 1668, foi danificada pelo terramoto de 1755 e beneficiou de obras até ao início do século XX, quando foi abandonada. Entre 1988 e 1997, realizaram-se campanhas arqueológicas que revelaram fases construtivas sobre estruturas romanas. Em 2017, foi proposta para o Programa REVIVE.
O Projeto
A intervenção de Conservação e Restauro executado pela ERA - Arqueologia S.A. para a HCI Construções S.A., integrou-se no “Fortaleza de Juromenha: Projeto de Consolidação e Restauro dos Paramentos do Perímetro Abaluartado Exterior e Cerca Islâmica e Medieval Interior” e decorreu entre o último trimestre de 2021 e o primeiro de 2024.
A intervenção foi realizada no estrito cumprimento do projeto de execução e pelas Especificações Técnicas Especiais (ETE), assegurando rigor e coerência em todas as suas etapas. Seguindo o princípio da intervenção mínima, priorizou-se a preservação dos elementos, respeitando a autenticidade e a integridade histórica do monumento. As metodologias aplicadas respeitaram a compatibilidade com os materiais tradicionais, promovendo sempre que possível a reversibilidade e garantindo a sustentabilidade e continuidade do património para o futuro. Todos os processos foram realizados e/ou supervisionados por conservadores-restauradores, garantindo a qualidade dos trabalhos realizados. (...)
Autor Patrícia Mestre
Conservadora-Restauradora, ERA Arqueologia
Outros artigos que lhe podem interessar