Entrevista a Nuno Santos

FOTO CARLA SANTOS SILVA

Christina Genet

Nuno Manuel Monteiro Ramos obteve a Licenciatura em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) em 1997, seguida do Mestrado em Construção de Edifícios, em 2001. Prosseguiu com um Doutoramento em Engenharia Civil, intitulado "Importância da Inércia Higroscópia no Comportamento Higrotérmico dos Edifícios" concluído em 2007, igualmente na Universidade do Porto.

Atualmente, é Professor Catedrático da FEUP e Coordenador Científico da Unidade de I&D CONSTRUCT. Os seus interesses de investigação incluem a aplicação da Física e Tecnologia das Construções ao desenvolvimento de Edifícios Inteligentes e Eficientes, com especial enfoque na eficiência energética, no conforto térmico, no comportamento dos ocupantes e na monitorização dos edifícios. Além disso, é Investigador Responsável de três projetos de investigação e orientador de quatro teses de doutoramento concluídas e cinco em curso. Participa atualmente em cinco projetos de investigação, para além de ser autor de mais de 150 publicações técnicas e científicas.

Fale-nos um pouco do seu percurso profissional.

O meu percurso profissional foi e é desenvolvido na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) onde comecei como Assistente Estagiário em 1997 e sou hoje Professor Catedrático do Departamento de Engenharia Civil e Georrecursos (DECG), da subárea disciplinar de Construções. A minha atividade desenvolve-se no domínio da Física e Tecnologia das Construções, com aplicação ao desenvolvimento de Edifícios Inteligentes e Eficientes nas vertentes de eficiência energética, conforto térmico, higrotérmica, comportamento dos ocupantes, monitorização de edifícios, Digital Building Twins, durabilidade, instalações de edifícios, patologia e reabilitação. As tarefas de investigação, pedagógicas e de extensão têm incidido sobre estes temas, que permitem desenvolver edifícios concebidos para o bem-estar dos seus ocupantes.

Quais são as principais fontes de poluição do ar interior?

O ar interior dos edifícios difere das características médias do ar exterior do local onde está implantado devido aos poluentes introduzidos pelas soluções construtivas adotadas e pelas atividades dos seus ocupantes. Os materiais usados na construção e o mobiliário que esquipa os edifícios pode libertar vários compostos químicos considerados poluentes, tal como o formaldeído. A utilização de aparelhos de queima pode libertar monóxido e partículas se não forem corretamente implementados no edifício, o que acontece frequentemente com lareiras, por exemplo. O fumo do tabaco continua a ser um poluente relevante. Existem depois fontes biológicas, que incluem os fungos normalmente presentes em edifícios onde as soluções construtivas, as condições de ventilação e eventual sobreocupação levam a condições de humidade interior que favorece o seu desenvolvimento.

Atualmente, fala-se muito do isolamento das habitações. Embora melhore a eficiência energética dos edifícios, em conformidade com os objetivos de neutralidade carbónica que a Europa pretende atingir até 2050, pode também comprometer a qualidade do ar interior. Como ultrapassar este desafio?

As perdas de calor de um edifício, que devemos minimizar durante o Outono e Inverno, processam-se por mecanismos de transmissão térmica através da envolvente e por ventilação, que implica a substituição de ar interior aquecido por ar exterior frio. O isolamento térmico da envolvente atenua a as trocas de calor por transmissão térmica e não tem qualquer efeito negativo na qualidade do ar interior (QAI).

Na verdade, terá um efeito positivo ao reduzir as condensações superficiais que conduziriam ao desenvolvimento de bolores em paredes. No entanto, as medidas de eficiência energética incluem também soluções de controlo de ventilação que, se não garantirem caudais de renovação de ar adequados, aí sim, a QAI poderá ficar comprometida. Assim, o desafio a ultrapassar é garantir uma formação adequada aos atores da área da eficiência energética, de modo a que saibam como obter essa eficiência sem comprometer a QAI. Um exemplo dos conhecimentos que é necessário adquirir está relacionado com a estanquidade ao ar dos edifícios, que pode ser caracterizada pelo ensaio de porta ventiladora. Na maior parte dos países europeus já existem regras claras sobre quais os níveis de estanquidade ao ar a adotar em diferentes tipologias e está definida a necessidade de caracterizar experimentalmente o valor da estanquidade após construção. Em Portugal, não existem recomendações sobre este tema e o conhecimento sobre ele por parte dos intervenientes da construção é muito reduzido. Isso leva a que sejam construídos edifícios com níveis de estanquidade que não são adequados ao tipo de ventilação projetado, resultando frequentemente em caudais de ventilação insuficientes. (...)

Leia a entrevista completa na Construção Magazine nº 12 mai/jun 2025, dedicada ao tema "Qualidade do ar interior".

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