Condutas de distribuição de água precisam de reabilitação

FOTO INÊS MARTINS
Christna Genet
A Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA) sublinha a necessidade de investir na reabilitação dos sistemas de abastecimento como forma de combater as perdas de água.
Portugal continua a enfrentar perdas significativas de água nos sistemas de abastecimento. Uma realidade que apesar de conhecida, tarda em ser resolvida: em 2023, ainda 26,9% da água distribuída não foi faturada. A Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Água (APDA) dedicou a sua mais recente edição da revista à análise deste problema, identificando as suas causas e os desafios persistentes, num contexto agravado pelas alterações climáticas e pelo aumento do stress hídrico.
A associação destaca três causas principais para este cenário: os modelos de gestão adotados, o financiamento insuficiente e a falta de uma prática sistemática de renovação de ativos. De facto, o atual funcionamento de muitas entidades gestoras não permite cobrir integralmente os custos operacionais, nem assegurar uma gestão profissionalizada dos serviços públicos. Isto traduz-se não só em desperdício de água e prejuízos financeiras para os operadores, mas também numa degradação acelerada das infraestruturas, exigindo investimentos na sua substituição.
Segundo Joaquim Sousa, Professor Coordenador no ISEC, muitas das infraestruturas de abastecimento de água já ultrapassaram a sua vida útil estimada de 40 a 50 anos. Além disso, muitas entidades não tomam medidas adequadas para reabilitar as condutas existentes, com especial incidência nas entidades gestoras de menor dimensão, com menos meios, e frequentemente situadas em territórios com menores recursos económicos e demográficos.
No combate às perdas de água, parece essencial apostar na reabilitação das infraestruturas já existentes, para além da instalação de novas redes. Susana Ferreira, Vice-Presidente do Conselho Diretivo da APDA, sublinha que cabe às entidades gestoras garantir pressões de funcionamento adequadas e assegurar uma monitorização constante do desempenho das redes de abastecimento. Dessa forma, menos recursos são desperdiçados, os custos de produção são reduzidos e o serviço prestado tem melhor qualidade.
Muito trabalho ainda está por fazer, mas Susana Ferreira constata que a problemática começa finalmente a ser reconhecida e discutida, não só pelos agentes do setor, mas também pela sociedade civil.
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