Reacondicionamento do molhe norte do porto de pesca da Póvoa de Varzim

O molhe Norte é, de entre as infra-estruturas de abrigo da Póvoa de Varzim, a de maior importância, devido ao facto de a sua orientação e localização lhe provocarem a maior exposição à ondulação predominante na costa ocidental portuguesa.

Como antecedentes significativos, referem-se os danos ocorridos ao longo dos anos na superestrutura do molhe, face às acções dos temporais, com especial relevância para o período de 1986 a 1989 e de 1991 até à data do seu reacondicionamento.

Constatou-se que os fundos adjacentes à fundação do manto exterior de protecção do molhe Norte, no troço situado entre o enfiamento da retenção do cais a -5,00 ZH e a cabeça, sofreram erosões que provocaram abaixamentos que atingiram nalguns casos os 6 metros de amplitude.

A instabilidade dos fundos teve como reflexo um constante desgaste no manto exterior do molhe que, no troço não protegido por blocos antifer, se apresentava debilitado pelo desaparecimento de tetrápodes de 36 t. e 40 t., assim como de enrocamentos de grandes dimensões.

O molhe nestas condições ficou mais exposto e vulnerável devido à proximidade de fundos de cotas muito baixas e deficiente funcionamento do seu manto exterior de protecção, pelo facto de a necessária dissipação de energia da vaga se afigurar insuficiente.

 Nos Invernos rigorosos verificaram-se longos períodos de agitação forte atingindo as vagas, com alguma frequência, alturas próximas da "onda de projecto". Como consequência do embate e galgamento de grandes massas de água, constataram-se estragos no manto interior e superestrutura do molhe e rombos no seu muro deflector.

A recarga feita na empreitada de 1991, com enrocamento de 10 t a 15 t, apesar da aplicação de quantidade substancialmente superior à prevista, foi escassa para atender às zonas então consideradas mais críticas.

Os ensaios realizados no LNEC em 1991, com o objectivo de testar a estabilidade do manto de blocos antifer a colocar no reacondicionamento da cabeça do molhe, foram alargados a um troço do manto exterior, com cerca de 120 m de extensão, com o intuito de analisar conjuntamente a estabilidade do manto de tetrápodes de 40 t aí aplicados.

Os resultados mostram, para além de quedas e movimentos, grandes assentamentos do manto de tetrápodes, assim como afectação do manto interior em enrocamentos, devido aos galgamentos de grandes massas de água, com possíveis estragos na superestrutura. 

Desde a sua construção houve necessidade de, com regularidade, proceder à sua manutenção, através de reforços tanto na cabeça do molhe como no seu corpo, sendo conhecido o mau comportamento desta até às obras realizadas em 1990/91, as quais consistiram na sua reconstrução "in situ" e o seu envolvimento com blocos antifer de 40 t e o reperfilamento de algumas zonas dos taludes do molhe com enrocamentos que variaram entre 10 a 15 t. O perfil-tipo, então preconizado (com taludes a 2/1) resultou do estudo de estabilidade do modelo ensaiado no LNEC. (...)

Artigo publicado na Edição nº 85

Álvaro Mendes, Presidente do Conselho de Administração da ETERMAR

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