Feira adjudicou obra de 1ME para reabilitar Mercado Fernando Távora

O município de Santa Maria da Feira adjudicou por um milhão de euros a reabilitação do mercado local desenhado por Fernando Távora (1923-2005), revelou a autarquia, que confiou o respetivo projeto arquitetónico ao filho do autor original.

José Bernardo Távora irá assim coordenar os trabalhos no imóvel edificado entre 1953 e 1959 nessa cidade do distrito de Aveiro, mantendo os elementos principais do projeto que, na época da sua conceção, também contou com colaborações de Fernando Lanhas (1923-2012), Alberto Neves e Álvaro Siza – este último enquanto criador dos mosaicos que decoram o espaço.

Classificado como Monumento de Interesse Público desde 2012, o Mercado Municipal da Feira será intervencionado pela empresa Nortejuvil – Sociedade de Construções S.A.. A obra efetiva deverá arrancar em junho ou julho deste ano e terá depois um prazo de execução de 180 dias.

“A intervenção prevê a reabilitação do edifício e dos seus espaços exteriores, reinterpretando e redesenhando o projeto inicial, e adaptando-o a novas funções, a alguns novos materiais de construção e aos regulamentos entretanto criados”, declarou José Bernardo Távora.

Com uma área de intervenção total de 2.725 metros quadrados, a empreitada prevê, ao nível de exteriores, a substituição de pavimentos, a reposição de falhas nos chamados mosaicos klinker das bancadas, a reconstrução de caleiras, a lavagem e reposição de cotas nas escadas em granito e, entre outras medidas, o levantamento para “total recuperação” de seis mosaicos com desenhos em pastilha cerâmica por Gouveia Portuense e Álvaro Siza Vieira.

Está também prevista a recuperação das seguintes estruturas: “a fonte central existente, com reposição do abastecimento de água; todas as bancadas de venda, com substituição de pedras em lousa danificadas, reparação de rebocos e pintura a tinta plástica; todos os pisos de mármore, com revisão do abastecimento de águas e esgoto; e os azulejos existentes em paredes e no banco que envolve a fonte”.

Quanto à cobertura do mercado, José Bernardo Távora propõe-se proceder ao “levantamento cuidadoso da tijoleira existente e à sua reaplicação, dado o desgaste e sua bela patine”, e quer ainda aplicar-lhe “isolamento térmico em painel de lã de rocha revestida a betume”.

Já no que se refere aos espaços construídos, nomeadamente os estabelecimentos comerciais autónomos com fachada para o exterior ou para a praça central no interior do mercado, “deverão desaparecer as máquinas de ar condicionado colocadas pelo exterior em duas das lojas”. Da mesma forma, “o espaço dos talhos, abandonado ou pouco usado, será importante como prolongamento da loja do piso superior”.

Por sua vez, a zona dos equipamentos de refrigeração – que “desaparecerão devido às atuais exigências de salubridade” – passará a concentrar todos os quadros de comando das instalações, com a área antes destinada a frigoríficos, concretamente, a transformar-se em instalações sanitárias adaptadas a mobilidade reduzida.

José Bernardo Távora considerou ainda a necessidade de o mercado acolher instalações efémeras para os eventos de que é palco regular, como o festival de artes de rua Imaginarius ou a recriação histórica Viagem Medieval. Para isso, propõe “uma pequena estrutura efémera desmontável na zona central da fonte, prevendo-se ainda a instalação de 210 cadeiras empilháveis e 50 lugares sentados na escadaria, e de 80 lugares em pé à volta, numa cota superior”.

Mesas e bancos corridos, sempre desmontáveis e adaptáveis, facilitarão igualmente “a venda de produtos biológicos, feiras de selos e moedas, de velharias e antiguidades, de roupas, de artesanato, de gastronomia ou ainda alguns pequenos espetáculos de música, dança ou teatro”. No mesmo sentido, está prevista “a criação de um sistema de iluminação facilmente desmontável” e de um mecanismo com lonas para proteção do piso original do pátio em momentos de maior afluência de público.

Mesmo perante essa lista, José Bernardo Távora defende que, naquele que é um dos edifícios mais emblemáticos de autoria do seu pai, não há muito a fazer.

“Por muito abandonado que tenha sido, por muito abandonado que esteja, passados 60 anos o edifício está novo. Precisa apenas de manutenção e, pontualmente, de adaptação a nova e mais variada legislação. E de alguma imaginação para tantas novas funções e atividades que, por esse país e mundo fora, vão ocupando e reocupando estes lugares mágicos”, argumentou.

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