Entrevista a Sandra Lucas

Sandra Lucas fala-nos das possibilidades que a manufatura aditiva (ou, se preferirmos, extrusão) traz à construção, quer em termos económicos, quer de sustentabilidade, mas também dos desafios que a generalização destas técnicas ainda enfrenta.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.

Qual o estado-da-arte das técnicas de construção aditiva?

Quando se fala em construção aditiva, é preciso vermos de que estamos a falar porque existem várias áreas. No caso dos materiais de construção, ainda está muito limitado, e no caso mais propriamente do betão, há alguns grupos que trabalham com a deposição em pó e depois juntam água, mas a principal técnica é a impressão por extrusão. Eu não gosto de lhe chamar construção aditiva ou manufatura aditiva porque acho que ainda está um pouco atrás, se compararmos com a manufatura aditiva que se usa no caso dos polímeros e de outros materiais. É mais adequado chamar-lhe extrusão - é uma extrusão de um material em camadas. Mas depois há outras técnicas, como por exemplo a utilização de drones para a construção em blocos com a deposição de argamassa, que também pode ser por jato, ou a utilização de robôs na construção.

Relativamente ao estado-da-arte, pelo que vejo daqui da universidade e dos produtos comerciais, ainda há uma utilização muito forte do cimento em percentagens bastante superiores àquelas que são já as normais na construção tradicional. Na construção tradicional já existem situações em que a quantidade de cimento que se usa no material de construção é de 25% - 30%, às vezes até menos do que isso. Utilizam-se escórias e outros materiais em substituição. A HeilderbergCement, uma grande fabricante, chama ao produto cimento, mas na realidade o que lá está é 20 a 30% de cimento e 70% são escórias ou são cinzas volantes, entre outros materiais.

No caso da impressão 3D de betão, ainda se utiliza uma quantidade muito grande de cimento. Também é incorreto, na maior parte dos casos, chamar-lhe betão porque, na realidade, o que se está a fabricar é uma argamassa cuja areia tem ainda uma granulometria bastante fina. Estamos na classe das argamassas e não do betão. Já há algum esforço, neste momento, para começar a introduzir agregados maiores. O problema é que isso depois tem consequências ao nível do controlo das propriedades em fresco e da extrudabilidade do material. Quanto maior é o agregado, mais pesada é a camada a imprimir, e ao colocar as camadas umas sobre as outras, o peso que tem de ser auto-suportado é maior, portanto o risco de colapso da própria parede também é maior. Há aqui uma série de dificuldades, por isso ainda há muito a fazer, embora também ache que se fez muito, muito rápido. (...)

Leia a entrevista completa na Construção Magazine nº111 set/out 2022, dedicada ao tema 'Construção 4.0: a digitalização e a construção aditiva'

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