Valorização dos produtos florestais: produtos à base de madeira para construção
No cenário florestal atual, onde a quantidade e qualidade de madeira escasseia e as alterações climáticas são uma realidade contribuindo, em muito, para um cada vez maior risco de incêndio florestal e aumento de pragas e doenças, a valorização de todos os recursos torna-se chave. É, por isso, imperativo aprender a fazer mais com menos, e para isso é necessário aumentar a produtividade e adicionar valor aos recursos naturais, consumindo menos matéria-prima, e ficando, assim, em perfeito alinhamento com os objetivos da economia circular.
Os produtos à base de madeira fazem parte do ecossistema florestal e da cadeia de valor associada à transformação da madeira. Esta cadeia de valor começa na floresta, com o abate das árvores, e termina no mercado, com o produto final. A valorização destes produtos terá, portanto, uma implicação em toda a cadeia de transformação.
A utilização da madeira para o desenvolvimento de produtos para a construção adiciona valor à matéria-prima original, ao promover uma utilização que irá contribuir para um aumento da retenção de carbono, o que pode ter um potencial impacto positivo junto do proprietário florestal, ao permitir aumentar o preço de venda da madeira para estes fins. Este potencial aumento económico poderá permitir uma melhor gestão e manutenção dos povoamentos florestais, o que, por sua vez, irá contribuir para uma diminuição do potencial de risco de incêndio florestal.
Em suma, ao acrescentar valor à matéria-prima, valoriza-se a floresta e diminui-se o risco de incêndio, gerando mais valor para os produtos à base de madeira. Por outro lado, a valorização dos produtos à base de madeira passa também por operações silvícolas adequadas que promovam um crescimento das árvores com vista à produção de madeira o mais direita e limpa possível. Isto fará com que, ao nível da primeira transformação nas serrações, se consigam obter peças com melhores propriedades mecânicas, o que se irá refletir na qualidade do produto final. (...)
Por Sofia Knapic, investigadora sénior; SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta, Associação
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