Prémio Secil de Engenharia atribuído à engenheira Marisa Ferreira

Atualizado a 21.03, às 16h47

O XI Prémio Secil de Engenharia Civil foi atribuído pela Secil e pela Ordem dos Engenheiros à engenheira Marisa Ferreira, engenheira do projeto de estruturas da empresa Fase – Estudos e Projectos SA, pela autoria do projeto do Terminal de Cruzeiros de Lisboa.

Pela primeira vez, em quase 30 anos de história do Prémio Secil, este galardão é atribuído a uma mulher.

“O Edifício do Terminal de Cruzeiros de Lisboa, construído entre as colinas da cidade e o rio, é hoje um elemento incontornável na beira-rio nascente da cidade. As soluções de engenharia encontradas permitiram realçar os aspetos arquitetónicos, respeitar alguma da história do local e garantir os exigentes requisitos funcionais e de durabilidade da obra”, referiu o presidente do júri, Carlos Pina.

“As fundações do edifício são um dos elementos mais marcantes desta solução de engenharia e a sua conceção e execução foram muito influenciadas pelas condições geotécnicas do local e pela necessidade de garantir a necessária resistência sísmica”, acrescentou.

Licenciada e com mestrado em engenharia civil pela Universidade do Minho, Marisa Ferreira recebeu uma bolsa de estudo de seis meses na Universidade Politécnica da Catalunha, em Espanha, onde frequentou as disciplinas do ramo de Estruturas.

No seu currículo conta com um conjunto de obras emblemáticas em Portugal, tendo colaborado com alguns dos maiores arquitetos portugueses. Entre os projetos de maior relevância destacam-se o Museu da Diáspora, o Centro de Congressos de Gaia, o Sines Data Center, as Torres de Oeiras e a Central do Freixo, no Porto, e também alguns projetos noutros países como é o caso do Belgrado Concert Hall e do NUMO Museu, em Santiago do Chile.

“É gratificante verificar que todas as horas de trabalho são compensatórias. O Terminal de Cruzeiros de Lisboa deve ser visto como um elemento que respeita a cidade, promove a arquitetura e valoriza o melhor que a engenharia pode dar”, comentou Marisa Ferreira.

Para o presidente da Comissão Executiva da Secil, Otmar Hübscher, “a escolha desta obra representa o reconhecimento do betão como produto inovador, circular e sustentável, aplicado numa obra desafiante, em que é necessário garantir resistência sísmica e ao meio agressivo”.

A solução estrutural do edifício do Terminal de Cruzeiros de Lisboa envolveu um processo de grande complexidade, nomeadamente no que respeita à ação antissísmica, e também de inovação.

Foi identificada a necessidade de recurso a um betão leve, de forma a reduzir em 40 por cento o peso da estrutura do edifício sem comprometer a sua resistência. Para o efeito, foi estabelecida uma parceria entre o Arquiteto João Luís Carrilho da Graça, a Secil, o Grupo Amorim e o Itecons (Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade) para conceção de um betão branco com granulados de cortiça, substancialmente mais leve e com características térmicas melhoradas, fornecido em obra pela Secil Betão.

Este betão com cortiça é também mais ecológico e sustentável, decorrente da utilização de um material natural reciclado – o pó de cortiça – sem emissões de C02 associadas, reduzindo a pegada carbónica global do edifício. Devido a estas características, este produto recebeu uma menção honrosa na categoria de descarbonização no Prémio Nacional de Sustentabilidade, do Jornal de Negócios.

“É sempre com grande entusiasmo que nos associamos à Secil na valorização da Engenharia Nacional através da dinamização do Prémio Secil Engenharia Civil. Fazemo-lo sempre com a certeza de estarmos a cumprir um dos objetivos da nossa missão, ou seja, estimular os progressos e desenvolvimentos tecnológicos que caracterizam a atividade dos engenheiros”, disse o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando de Almeida Santos.

“Este ano, é com redobrada satisfação que participamos na distinção da obra premiada, porquanto, pela primeira vez na história do Prémio Secil, será atribuído a uma mulher. Está de parabéns a Secil por mais uma edição deste prestigiado prémio que demonstra bem a vitalidade e qualidade da engenharia nacional”, referiu ainda.

Atualmente concessionado à LCT Lisbon Cruise Terminal, a obra tem como dono a Administração do Porto de Lisboa (APL), o projeto de arquitetura é da responsabilidade do arquiteto João Luís Carrilho da Graça e a construção ficou a cargo da empresa Alves Ribeiro com fiscalização do Focus Group.

O Prémio Secil tem como objetivo incentivar e promover o reconhecimento público de autores de soluções que tenham sido aplicadas em obra e constituam peças significativas no enriquecimento da engenharia civil e em que se reconheça ser adequado o recurso à incorporação do cimento.

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