Manutenção de Edifícios Correntes

Nas edições anteriores da CM podem-se contar cerca de 300 publicações sobre a temática da reabilitação e poderá o leitor pensar que dedicar este número à manutenção de edifícios se trata de um exercício redundante, mas não. Na realidade, abordar a problemática do comportamento em serviço dos edifícios nas suas vertentes técnica, económica e funcional não se enquadra na reabilitação, é o objeto da manutenção. Trata-se duma área do conhecimento que entre nós já se ensina na FEUP há mais de 25 anos e para a qual este número pretende sensibilizar o leitor.

Manter implica desenvolver um conjunto de procedimentos destinados a protelar no tempo o desempenho de um edifício, dos seus elementos ou componentes, em condições adequadas ao fim a que se destina. Reabilitar implica reequacionar a respetiva capacidade e desempenho, propondo intervenções de melhoria.

Embora os aspetos da Manutenção relacionados com a gestão económica e funcional envolvam áreas do conhecimento que não se centram exclusivamente na Engenharia e na Arquitetura, entende-se que os aspetos técnicos são determinantes na formação de um gestor de edifícios, sendo porventura mais fácil a estes profissionais complementarem formação nos domínios da economia, do direito e da sociologia do que a outros envolverem-se, com saber, nas questões técnicas que envolvem o comportamento dos edifícios em serviço.

Talvez o ato mais influente na diminuição da pegada ecológica de um edifício seja mantê-lo. Dos inúmeros aspetos que se poderão associar à Manutenção de Edifícios, salienta-se a sustentabilidade da construção. Na realidade, incrementar a vida útil de um edifício em condições ótimas de desempenho tem como consequência evitar a construção de alternativas novas ou operações prematuras de reabilitação, com o impacto ambiental que isso implica. Se no nosso país, com adequada manutenção, se incrementar em 25% a vida útil dos edifícios, diminui-se o impacto da construção de cerca de 5.000 edifícios por ano, o que se poderá traduzir numa redução de emissões de carbono da ordem de 25.000tCO2/ano. Além disso, há que contabilizar o que se pouparia no chamado carbono operacional com a otimização que uma gestão profissional conseguiria em fase de utilização.

A complexidade dos edifícios em serviço tem influência direta na sustentabilidade e na economia, bem como na saúde e no conforto dos utilizadores. A sensibilização da sociedade e dos decisores (públicos e privados), o reforço das ações de formação e a formalização desde a fase de projeto de todas as implicações da manutenção, levam a que seja necessário legislar para que sejam implementados os conceitos de Gestor de Edifício, Plano de Manutenção, Custo de Vida Cíclica – LCC, Monitorização de desempenho, etc.

Em face do exposto, oferece-se ao leitor entrevistas e opiniões de vários atores da manutenção em Portugal, que se complementam com um conjunto de artigos da autoria de profissionais da manutenção, da academia e da indústria.

Em colaboração com Rui Calejo, co-editor da Construção Magazine nº103

Editorial da Construção Magazine nº103 mai/jun 2021, dedicado ao tema 'Manutenção de Edifícios Correntes'

Humberto Varum

Diretor da Construção Magazine / Professor na FEUP

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