Comportamento sísmico de um edifício em Betão Armado de 19 andares como forma de calibrar a ação sísmica do sismo de 1969

O sismo de 28 de fevereiro de 1969 foi sentido em Lisboa com impactos importantes na população e causou danos de vários tipos no parque imobiliário. Edifícios e outras estruturas simples podem ser usados para avaliar o tipo de movimento do solo que atinge as suas fundações, se formos capazes de reproduzir os efeitos observados. Neste trabalho, analisamos os efeitos do sismo num edifício de 19 andares e procuramos reproduzir com modelos analíticos esses efeitos, com base no registo efetuado no maciço de ancoragem norte da Ponte sobre o Rio Tejo em Lisboa.

Foi desenvolvido um modelo estrutural de quatro edifícios de 19 andares, dois dos quais já se encontravam construídos quando ocorreu o sismo. Posteriormente, foram realizadas duas análises dinâmicas lineares: uma por intermédio de espectros de resposta e acelerogramas (“Time-History Analysis”) e outra baseada no espectro de resposta preconizado no EC8. Realizou-se ainda uma análise estática para as forças preconizadas à época do projeto. A resposta para o registo de 1969 mostrou que as acelerações no topo do edifício foram suficientes para causar oscilações de um candeeiro suspenso do teto do último andar, com ângulos de rotação elevados, confirmando as descrições testemunhais. Em termos de segurança estrutural, para uma ação sísmica de intensidade semelhante ou inferior à ocorrida em 1969, os esforços gerados são bastante reduzidos. No entanto, considerando a ação sísmica indicada na atual legislação (EC 8), concluiu-se que as armaduras existentes não são suficientes para suportar a ação sísmica de projeto considerando um coeficiente de comportamento de 1,5. A análise estática realizada de acordo com o que foi preconizado no projeto de 1967, produz efeitos ainda mais severos na estrutura.

Introdução

Descrição da estrutura

Um dos últimos grandes sismos do século XX em Portugal ocorreu em 28 de fevereiro de 1969. Embora não seja um evento muito conhecido, é nesta época que se dão os primeiros avanços significativos em termos de conhecimento. O registo obtido pelo acelerógrafo da Ponte 25 de Abril, é um dos primeiros em território europeu. Para mitigar e prevenir sérios danos à população e às estruturas, é importante conhecer melhor este sismo, os seus efeitos e a forma como muitas obras danificadas foram reparadas. Neste trabalho examinamos apenas os efeitos provocados num edifício de 19 andares e procura-se reproduzi-los através de modelos analíticos. (...)

Referências

[1] GoogleMaps®, available in https://www.google.com/maps.

[2] NTC. Nuove Norme Tecniche per le Costruzioni. Gazzetta Ufficiale,nº 27, Serie Generale nº 47. Italy, February, p. 403.

[3] CSI Computers and Structures, Inc., SAP2000 – Analysis reference (2020). Version 20.2.0, Berkeley, California, EUA.

[4] NP EN 1990 (2009). Eurocode – Basis of structural design. CEN.  

[5] NP EN 1998-1 (2010). Eurocode 8 – Design of structures for earthquake resistance – Part 1: General rules, seismic actions and rules for buildings. CEN.

[6] EN 1998-3 (2005). Eurocode 8 – Design of structures for earthquakes resistance – Parte 3: Assessment and retrofitting of buildings. CEN.

Em colaboração com Ana Luísa Vieira, Instituto Superior Técnico, e Mário Lopes, Instituto Superior Técnico, CERIS

Artigo completo na Construção Magazine nº102 mar/abr 2021, dedicado ao tema 'Reabilitação Sísmica, Reabilitação do Património e Projeto'

Carlos Sousa Oliveira

Instituto Superior Técnico, CERIS

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