Blast Assessment – Uma metodologia de avaliação

A proteção das pessoas e das infraestruturas contra os efeitos das explosões é um assunto cada vez mais atual, quer pela ameaça terrorista internacional, quer pelas exigências da segurança no trabalho na industria. Esta preocupação é ainda mais premente quando se trata de infraestruturas cuja disrupção tenha um impacto significativo na sociedade.

A inexistência de regulamentação nacional e europeia para a quantificação das ações de explosão faz com que a generalidade destas infraestruturas não se encontrem dimensionadas para acomodar ações desta natureza, sejam acidentais ou intencionais. Em face disso, o presente artigo sugere uma possível metodologia de abordagem ao blast assessment

Avaliação estrutural, implantação e particularidades arquitetónicas

As técnicas de análise e de recolha de dados em estruturas estão bem documentadas em vasta literatura e normas internacionais. Importa assim apontar alguns aspetos que possam ter mais relevância, considerando a tipologia da ação que se pretende verificar na estrutura.

Os elementos mais vulneráveis de uma edificação são aqueles que se encontram expostos à explosão, pelas consequências que podem originar na estabilidade global. Nesse sentido, as preocupações são essencialmente de duas ordens. A primeira é que o elemento atingido tenha capacidade resistente suficiente para suportar a ação da explosão; a segunda é que a estrutura mantenha robustez suficiente, para que o eventual colapso de um elemento não desencadeie um mecanismo de colapso progressivo da mesma. Enumeram-se ainda alguns aspetos particulares que devem ser tidos em conta na avaliação:

  1. Os núcleos rígidos permitem estabelecer áreas de abrigo no interior da infraestrutura;
  2. Cantos reentrantes e gavetos devem ser evitados na medida em que incrementam localmente as sobrepressões, em resultado de reflexões múltiplas da onda de choque;
  3. A posição dos andares superiores recuados é benéfica para a mitigação de efeitos, na medida em que estão protegidos da ação direta da onda de choque;
  4. Verificar a permeabilidade do edifício. Em regra, devem ser evitadas grandes áreas de envidraçado, para por um lado minimizar os danos resultantes da projeção de fragmentos nos ocupantes e na instalação, e por outro, limitar a permeabilidade do edifício à propagação da onda aérea, que tem consequências na solicitação dos elementos de suporte interiores e lajes, e ainda na projeção de elementos soltos de mobiliário.

Gomes, G. 1 2 3 4, Lúcio V. 2 4 5, Cismasiu, C.2 4 5, Rebelo, H. B.2 3 4

[1] CIDIUM - Centro de Investigação e Desenvolvimento do Instituto Universitário Militar

[2] CCPI - Centro de Competências para a Proteção de Infraestruturas

[3] CINAMIL - Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Academia Militar

[4] FCT-UNL – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa

[5] CERIS - Investigação e Inovação em Engenharia Civil para a Sustentabilidade

 

Artigo publicado na edição nº86 da CM

 

 

 

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