Arquitetura e o sentido de permanência no tempo

É inevitável para uma sociedade que as necessidades de intervenção no meio urbano no que concerne o habitar e o satisfazer de um conjunto de exigências são constantes e permanentes. A arquitetura contribui para garantir esta dinâmica porque interfere no espaço e nos modos de viver, com particular incidência nas memórias, na construção e na manutenção da identidade de uma sociedade.


Nas palavras do arquiteto Juhani Pallasmaa (2010) “qualquer arquiteto reconhecerá que um primeiro objetivo da arquitetura consiste em proporcionar-nos o habitar no espaço, mas o segundo não pode ser outro que não seja mediar a nossa relação com a dimensão temporal, que é terrivelmente efémera, (…). Assim, o objetivo da arquitetura é fazer-nos habitar tanto no espaço como no tempo”. Na verdade, é reconhecida a importância do tempo e da durabilidade na perceção da arquitetura. O impacto do tempo, os efeitos do uso e da degradação e os processos de envelhecimento durante a vida útil são indubitáveis, e nesse sentido, é de reconhecer a manutenção, simultaneamente, como denominador comum e papel catalisador capaz de influenciar o comportamento em serviço dos edifícios.

Porém, é verdade que o sentido de permanência no tempo depende muito das escolhas e soluções adotadas durante as fases iniciais de projeto, pois é aqui que se colocam as questões fundamentais de desenho e de construção, em que o contributo da manutenção pode ser decisivo para o sucesso e objetivo finais. Isto ocorre porque, por um lado, todas as decisões projetuais, quando não correspondem às exigências necessárias, podem afetar definitivamente a qualidade e caráter finais da obra e a sua manutenção e, por outro lado, porque sem a inclusão da manutenção pode ficar comprometido o desempenho e com isso acelerar o surgimento precoce de patologias na construção (Fernandes Rocha, Calejo Rodrigues, 2017).


Com efeito, a inclusão nas fases iniciais de projeto da manutenção de edifícios potencia uma melhor implementação de práticas e gestão dos recursos disponíveis, do emprego de materiais e técnicas construtivas. Ao questionar-se a permanência no tempo, está-se a falar também de como manter, como fazer permanecer o ambiente construído, sendo fundamental equacionar um conjunto de aspetos gerais como os relacionados com as necessidades energéticas e ambientais, com as acessibilidades, com eficiência das inspeções, com a análise e tratamento das fachadas, com segurança e sustentabilidade em geral, e em particular, com a própria gestão dos edifícios. 
A demostração dos benefícios da inclusão da manutenção desde as fases iniciais de projeto foi objeto de investigação por parte da autora deste artigo.
 

Artigo completo na Construção Magazine nº103 mai/jun 2021, dedicado ao tema 'Manutenção de Edifícios Correntes'

Patrícia Fernandes Rocha

Investigadora

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