Análise e dimensionamento de Estruturas de Madeira – Enquadramento Normativo

Enquadramento histórico

A construção em Portugal teve, desde sempre e até há algumas décadas, como um dos materiais estruturais principais, a madeira. A versatilidade e disponibilidade deste material garantiram o seu uso de forma intensa, em todo o território. De uma forma geral a madeira era usada em combinação com alvenaria, sendo os pavimentos e coberturas quase sempre realizados neste material. Com o aparecimento e generalização de uso do aço, mas particularmente do betão armado, as soluções em madeira foram crescentemente substituídas por soluções baseadas nestes materiais, em particular o betão armado, na segunda metade do século XX.

Apesar do uso generalizado, nunca existiu um regulamento nacional de dimensionamento de estruturas de madeira, contrariamente ao que ocorreu com as estruturas de aço e de betão armado. O dimensionamento era baseado no conhecimento empírico, pontualmente complementado com alguns elementos bibliográficos, como por exemplo o livro do Engenheiro Tomás Mateus “A aplicação racional da madeira de pinho na construção civil” (1956). Estas referências disponibilizavam informação bastante útil, mas nunca constituíram uma base adequada para a análise e dimensionamento e pormenorização estrutural, em particular quando as soluções construtivas se afastavam das estruturas tradicionais, em que existia conhecimento empírico. 

O primeiro regulamento de estruturas de madeira surgiu com a publicação dos regulamentos europeus, os Eurocódigos Estruturais. Primeiramente sob a forma de pré-Norma Europeia na década de 90 do século passado, ENV 1995 (1995), que constituiu a base para o regulamento Europeu de Estruturas de Madeira EC5 – Eurocódigo 5 – Projecto de estruturas de madeira, publicado em 2004 e atualmente em vigor.

Um regulamento de aprovação e uso num alargado número de países terá de atender a múltiplos requisitos e especificidades, que na prática conduzem a soluções mais generalistas que não permitem responder a questões específicas dos vários países. No caso português, destacam-se as especificidades relacionadas com os acrescidos riscos biológicos, bem como a inexistência de conhecimento ou experiência no uso de regulamentos de madeira. Apesar destes condicionalismos, a disponibilidade de um regulamento para o projeto de estruturas de madeira, que coincidiu com um renovado interesse nacional em relação ao uso deste material na construção, contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento deste tipo de construção. (...)

Em colaboração com João Negrão, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

Artigo completo na Construção Magazine nº101 jan/fev 2021

Alfredo Dias

Professor Auxiliar, Universidade de Coimbra

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