Abordagem dinâmica no estudo microclimático em edifícios históricos

Os monumentos de um povo, portadores de uma mensagem do passado, são um testemunho vivo das suas tradições seculares”
Carta de Veneza, 1964

A conservação e reabilitação do património histórico têm vindo a ser assumidas como bandeira nacional e internacional ao longo das últimas décadas. Contudo, as questões relacionadas com o ambiente interior de edifícios de relevo histórico e cultural têm demorado a assumir o papel preponderante que justificam. 

Apesar de terem sido realizados vários estudos ao longo das últimas décadas e de diversas especificações terem sido elaboradas, sobretudo nos países mais frios do centro e norte da Europa e América do Norte, em Portugal esta é ainda uma área que tem merecido pouca atenção. Os trabalhos académicos que têm sido realizados baseiam-se sobretudo na adoção de valores ideais retirados de estudos feitos em contextos climáticos diversos, que poderão ou não ser aceitáveis num clima como o nosso. Torna-se, por isso, importante o estudo do comportamento de edifícios históricos em climas temperados, para os quais a bibliografia existente é muito escassa.

O estudo microclimático em edifícios históricos tem sofrido uma grande evolução, com alterações significativas de paradigmas e novas metodologias que surgem ao ritmo do aparecimento de novos estudos. Garry Thomson aparece como o primeiro grande autor a dedicar-se ao estudo do clima interior em museus, tendo definido alguns valores alvo, de modo a garantir uma correta conservação dos objetos presentes no seu interior.

Várias abordagens têm sido seguidas desde então. Inicialmente, a busca por valores exatos que garantissem ambientes ideais foi intensa, principalmente para o caso da humidade relativa, com a realização de vários ensaios e a consequente publicação de especificações ou teorias, tendo-se atingido um forte consenso em torno do valor de 50% de humidade relativa por um longo período.

Com o passar dos anos e o aumento do conhecimento o tema sofreu importantes desenvolvimentos. A busca de valores ideais foi substituída pela procura de intervalos sustentáveis, mas ainda com a preocupação de garantir a correta conservação dos materiais, com especial foco na madeira. Vários valores foram definidos, não só para limitar o ambiente geral, mas também para os ciclos diários.

O presente artigo desenvolve:

  1. Os intervalos ideais e ciclos diários de temperatura e humidade relativa para vários materiais segundo a norma UNI 10829
  2. Um quadro resumo das especificações internacionais desde a década de 1970 para a temperatura e humidade relativa do ar

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