Transformação digital na construção: prioridade absoluta

A construção é um setor tradicional que, ao longo das últimas décadas, tem sofrido alterações resultantes das várias crises económicas que assolaram a economia global. A mais recente, que ocorreu em finais de 2008 e se estendeu até finais de 2014, levou ao desinvestimento na construção e à necessidade de as empresas passarem por processos de reestruturação bastante agressivos.

Nos últimos cinco anos, a necessidade de colocar habitação nova no mercado e a pressão turística levaram a que este mercado tenha registado taxas de crescimento elevadas, tendo mantido sempre uma tendência de crescimento, mesmo durante a pandemia.

Estas variáveis aumentaram a necessidade de as empresas recorrerem a plataformas de gestão de obra que fossem flexíveis e adaptáveis o suficiente para se tornarem eficazes na fase de orçamentação e, principalmente, contribuírem para uma maior eficiência na fase de gestão de obra. Uma obra tem e deve ter margem comercial de venda, mas sobretudo ganhos consideráveis na compra e gestão de tempos de execução.

O mercado da construção na atualidade

No pós-pandemia, e com o reforço de apoios a áreas bastante afetadas, como o turismo, estima-se que o número de empresas a procurar uma plataforma que permita gerir eficazmente a obra e integrada com um ERP seja exponencial. Hoje, estas empresas são geridas por gestores jovens e que pretendem otimizar e concentrar a informação, que deve ser acessível de qualquer lugar, sendo também valorizada a capacidade para fornecer informação real em tempo útil.

A pandemia veio alterar a forma como se trabalha neste setor, que anteriormente era gerido por Excel e com informação difusa e difícil ou mesmo impossível de analisar. É essencial, atualmente, dispor de ferramentas que permitam agilidade, para além de garantirem que os processos sigam um workflow digital que acelere as aprovações e controlo de pagamentos, com o objetivo de aumentar a margem na gestão de obra.

Já Charles Darwin vaticinava que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que mais se adapta às mudanças”. O setor da construção é um setor muito tradicional e gerido de uma forma muito operacional, e onde a análise de dados não era uma prioridade. Isto conduziu a uma utilização em massa do Excel, que permite ao orçamentista ser rápido no processo inicial, sendo muitas vezes utilizada a abordagem empírica para o realizar.

Estamos agora a assistir a novas necessidades: a margem de lucro de uma obra não é determinada pelo preço de venda, mas sim pela gestão no processo de compra e utilização de recursos. Comprar bem, em quantidade ideal, sem sobras, e gerir ainda melhor os recursos alocados é essencial para uma empresa ter lucro numa obra, uma vez que não é raro apresentar um orçamento sem margem comercial ou com margem mínima.

Fazer diferente, mas como?

Para conseguir este feito é necessário dispor de ferramentas que permitam obter dados em tempo real que forneçam os desvios em função do planeamento e permitam fazer uma gestão de compras muito eficiente e com isto obter um “K” de compra que possa compensar o “K” de vendas inexistente. Nos outros mercados, este controlo também é importante, mas na construção, com o valor dos materiais envolvido, é essencial fazer a gestão eficiente destes números sem cair na “ratoeira” das análises supérfluas.

Com a aposta na tecnologia, as empresas de construção ganham uma vantagem competitiva face à concorrência intensa neste setor. Pode fazer toda a diferença a apresentação do orçamento, enviado num formato digital e com layout adaptável, promovendo uma imagem de futuro. Por outro lado, gerir os custos eficientemente permite maior flexibilidade na negociação do orçamento.

Sem perder o comboio do futuro

Devemos considerar cada empresa como única, embora inserida num setor com regras comuns. Uma plataforma que tenha de base todos os processos e regras comuns ao setor é essencial. A transformação digital é um fator crítico de sucesso neste setor tão competitivo. Trata-se do maior desafio que as empresas de construção alguma vez enfrentaram, uma vez que falamos de um setor tradicional onde a digitalização tem demorado a chegar e que ainda é gerido, em grande parte, de forma empírica.

No entanto, hoje e num futuro muito próximo, quem não fizer a migração para ferramentas integradas, onde é possível fazer a gestão dos processos da obra, em estreita colaboração com a área financeira, que facilita o acesso aos dados reais e em tempo útil, dificilmente conseguirá sobreviver no mundo global, onde concorrem empresas internacionais totalmente digitalizadas.

Mário Almeida, Business Director da Anturio Systems            

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