Soluções de melhoramento da resposta de paredes de alvenaria

As paredes de vedação inserem-se maioritariamente em edifícios de betão armado e contribuem para a resposta diferenciada destes quando sujeitas à ação dos sismos, dado que geralmente são construídas em contacto com os pórticos em betão armado.

Para a professora no Departamento de Engenharia Civil na Universidade do Minho, Graça Vasconcelos, estas paredes desenvolvem geralmente elevado nível de dano com fendilhação generalizada, mas é para ações para fora do plano que estes elementos são mais vulneráveis, com possibilidade real de colapso. No caso de paredes de alvenaria de enchimento de pano duplo, características da construção de edifícios nas últimas décadas em Portugal, a falta de ligação entre os panos resulta num acréscimo da vulnerabilidade sísmica.

Estudos experimentais têm mostrado que diferentes modos de rotura se podem desenvolver em paredes de alvenaria de enchimento sujeitas a ações fora do plano de acordo com o nível de contacto ou ligação das paredes aos pórticos de betão armado, tais como a separação total do pórtico, a fendilhação horizontal para paredes apoiadas na base e topo, a fendilhação vertical para paredes apoiadas nos bordos verticais, e a fendilhação vertical e horizontal no caso de paredes apoiadas nos quatro bordos.

O melhoramento do comportamento sísmico de paredes de alvenaria de enchimento poderá passar, no caso da construção nova, pela definição de soluções e paredes onde a ligação ao pórtico de betão armado se mantenha por soluções de paredes desligadas dos pórticos e com mecanismos de dissipação de energia e minimização de dano. A minimização ou ausência de dano no plano resulta num melhoramento do desempenho das paredes para fora do plano.

No caso de construções existentes, o melhoramento do comportamento de paredes de alvenaria de enchimento poderá ser conseguido através de diferentes estratégias que reúnam razoabilidade em termos de aplicação prática. A ligação dos panos de paredes de alvenaria através de elementos metálicos é relativamente simples e pode conduzir ao aumento da espessura efetiva da parede e resultar no aumento da resistência e redução do dano. Outra possibilidade consiste na aplicação de malhas de reforço embebidas numa camada adicional de argamassa de revestimento. Esta técnica de reabilitação sísmica poderá complementar a reabilitação energética de fachadas. Um dos aspetos importantes a considerar na escolha das malhas de reforço consiste na sua compatibilidade em termos de resistência e rigidez em relação ao material de suporte (alvenaria).

O tema é aprofundado na Construção Magazine, nº94 nov/dez 2019

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