Requalificação de 1,8ME no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha em Coimbra

Uma nova requalificação do espaço do mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, no valor de 1,8 milhões de euros, está a ser preparada para se iniciar em 2024, disse à agência Lusa a Diretora Regional de Cultura do Centro, Suzana Menezes.

A intervenção que está a ser projetada por uma equipa multidisciplinar, terá, como dono de obra, o município de Coimbra e será financiada com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), de acordo com Suzana Menezes.

A empreitada passa pela requalificação do centro interpretativo inaugurado em 2009 – quando o espaço ocupado pelo mosteiro localizado na zona de Santa Clara abriu ao público –, intervenção na igreja com um sistema de proteção contra pássaros e nova sinalética e construção de equipamentos de apoio.

“Na ruína, será uma intervenção de conservação, criar condições para que os pássaros não entrem e para refazermos toda a sinalética de enquadramento e pensamento informativo”, explicou.

Já o centro interpretativo, que inclui um núcleo museológico, será alvo de uma “intervenção de fundo de conservação”, já que, segundo a diretora regional, o edifício, que vai fazer 15 anos, “precisa de uma reabilitação importante”.

Ao mesmo tempo será criada uma museografia para a exposição permanente ali instalada e construída uma nova reserva para o espólio arqueológico de Santa Clara-a-Velha.

O novo investimento com verbas do PRR deverá, assim, resolver um problema que se mantém em Santa Clara-a-Velha desde 2009: a constante presença de pombos no interior da igreja, que ali depositam excrementos, situação que tarda em ser resolvida.

Os sistemas anti-pombos incluem soluções mais imediatas, como a utilização de falcões em eventos específicos, ou a colocação de pastilhas nos monumentos (às quais, não raras vezes, os pombos se habituam) até sistemas permanentes, como dispositivos eletroestáticos ou a colocação de redes nas aberturas do edifício.

Suzana Menezes classificou a questão dos pássaros – para além dos pombos, as próprias andorinhas, ao fazerem ninhos, picam a pedra – como “um drama para o património cultural” e anunciou que em Santa Clara-a-Velha estão a ser “estudados vários cenários” para resolver o problema.

“Foram aplicadas as pastilhas agora, o que reduziu substantivamente a entrada de pombas, estamos a falar de uma redução na ordem dos 98 por cento. Mas o problema não são as que deixaram de entrar, são as que continuam a entrar”, assumiu.

A responsável adiantou que a nova obra incluirá o sistema de proteção anti-pássaros “substantivamente mais oneroso”, estando a ser equacionados vários cenários.

“O que for escolhido para ali tem de ser em conformidade com o número de aberturas [existentes na ruína] para ser eficaz”, aduziu a diretora regional.

Nesta fase, no entanto, Suzana Menezes não se comprometeu com uma solução final, admitindo, por exemplo, que a colocação de redes nas janelas e outras aberturas “divide” os responsáveis.

“Todos nós que trabalhamos nesta área do património temos uma opinião diferente e específica sobre a matéria das redes, ainda que objetivamente possamos constatar que talvez seja a solução mais eficaz, se todas as entradas estiverem bloqueadas os pombos não conseguem entrar dentro do monumento. Mas isso tem um impacto visual e não há uma opinião consensual nessa matéria”, argumentou.

Estas obras, que deverão começar entre meados e o final de 2024, sucedem à intervenção, agora concluída, no valor de 641 mil euros, destinada a reforçar a proteção daquele monumento nacional face às cheias do rio Mondego.

As ruínas da igreja e claustro adjacente do mosteiro do século XIV reabrem ao público a 26 de junho, mais de sete anos depois de terem sido afetadas, em 2016, por duas grandes inundações.

A intervenção sofreu um atraso de quase dois anos, explicado por Suzana Menezes, não com a obra de conservação e restauro da ruína propriamente dita (os trabalhos, que tinham o prazo de um ano, começaram em maio de 2020 e ficaram concluídos em julho de 2021, disse), mas sim com o arranjo dos elevadores e, especialmente, o fornecimento das bombas de retirada de água, “que só recentemente chegaram”, depois de vários constrangimentos devido à pandemia de covid-19 e à guerra na Ucrânia.

“Este atraso não teve qualquer impacto financeiro”, garantiu Suzana Menezes.

Para além do reforço dos equipamentos de bombagem de água, foram requalificados materiais pétreos, cerâmicos e azulejares, recuperados pavimentos na igreja e nos passadiços exteriores, eliminados pontos de entrada de água com construção de muros e ampliado o sistema de videovigilância para o interior do monumento, entre outras intervenções.

Já sobre não existirem locais de descanso, especialmente para os visitantes mais idosos ou com dificuldades de locomoção, no percurso de várias centenas de metros que separa o centro de interpretação das ruínas do mosteiro, Suzana Menezes indicou tratar-se de “uma opção dos arquitetos”.

Também a cafetaria do mosteiro, que constituía um polo de atração na margem esquerda do Mondego e se mantém fechada desde 2018, só deverá reabrir no final das obras previstas para 2024.

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