Rebocos de argila: constituição e contributo para o conforto e a saúde

Enquadramento

Os rebocos interiores constituem produtos da construção que resultam da aplicação de argamassas, numa ou em mais camadas, no revestimento de paredes e tetos interiores (NP EN 998-1, 2017). A 1ª camada tem de aderir bem ao suporte onde o reboco é aplicado e, se existir mais que uma camada, oferecer boa aderência à camada seguinte. A superfície final do reboco deve ter reduzida retração para não se observar fendilhação, e resistir a impactos e à abrasão resultante do uso corrente.

Para tal, a argamassa constituinte do reboco não deve ser demasiado rígida, para conseguir ter alguma deformabilidade para acompanhar eventual deformação do suporte e impactos sem fendilhar. No entanto, podem ser recomendadas proteções físicas em esquinas, através do reforço do reboco pela aplicação de rede ou de perfil inserido no reboco ou à vista (Faria e Lima, 2018).

No caso dos rebocos interiores aplicados em compartimentos que não sejam instalações sanitárias nem cozinhas, geralmente a resistência à água não é um requisito. Mas, devido ao risco de eventual entrada de água da chuva por janela deixada aberta, ou por contacto com água resultante da limpeza corrente dos compartimentos, podem ser adotadas medidas que confiram maior durabilidade a alguns rebocos mais vulneráveis.

Simultaneamente, uma vez que os rebocos interiores apresentam frequentemente uma área significativa em contacto com o espaço interior, torna-se cada vez mais premente que não contribuam para piorar a respetiva qualidade do ar interior (QAI). Isso é conseguido através do controlo dos materiais que constituem as respetivas argamassas. Complementarmente, o contributo passivo que os rebocos interiores possam dar para o equilíbrio da humidade relativa interior é considerado um objetivo importante para se melhorar o conforto dos ocupantes, evitar doenças relacionadas com má QAI e reduzir gastos de energia (Ranesi et al., 2021). Este requisito será cada vez mais relevante, numa época em que a ecoeficiência dos edifícios está na ordem do dia. (...)

Paulina Faria, Dep. Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia / Universidade NOVA de Lisboa, e José LimaFaculdade de Arquitetura, Universidade de Lisboa

Artigo completo na Construção Magazine nº106 nov/dez 2021, dedicada ao tema 'Argamassas e soluções térmicas de isolamento'

Newsletter Construção Magazine

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia Civil.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.