Proposta Urbana para o Cabeço da Bola (antigo Quartel da GNR aos Anjos)

Do conceito da intervenção

A intervenção na cidade requer a consideração de que as estruturas urbanas existentes e o edificado são parte de um património que não é só arquitectónico e urbano mas, sobretudo, uma memória dos próprios lugares que envolve pessoas que se constroem também na relação com os lugares e a paisagem.

O campo de intervenção não é, por isso, uma propriedade apenas dos proprietários ou uma disponibilidade para arquitectos legitimados a actuar nesse corpo construído. A intervenção deve respeitar a componente transgeracional que liga as várias idades e as várias gerações através das quais as cidades constroem e adquirem a sua história e a sua identidade, respectivamente, e desenvolvem as relações afectivas e imaginativas que contribuem para o sentimento de posse e pertença que robustece e preserva pela proximidade e pela própria confiança da comunidade, a vida e as dinâmicas dos bairros e, por consequência, das cidades.

É fundamental, no processo de intervenção, ter em conta a situação das existências e os polos dinamizadores da sua identidade e propor preservá-los de modo a que possam ser reforçados ou reinventados. Por outro lado, importa perceber em que proporção o novo deve ser introduzido no tecido ou no edificado existente, de modo a que não se confundam nem a harmonia dos conjuntos nem as hierarquias de espaço e de edifícios resultantes do novo arranjo.

Há uma responsabilidade dupla na intervenção urbana em tecidos consolidados: reabilitar o que importa preservar e integrar o novo na justa medida do resultado da nova realidade.

O corpo legislativo que ordena o raio de acção dos arquitectos e dos promotores e, também, das entidades licenciadoras e fiscalizadoras, tende, pelo carácter geral e abstracto da lei, a permitir intervenções que, cumprindo todos os parâmetros estabelecidos, têm um resultado muitas vezes insatisfatório e até antagónico aos interesses da cidade. Esse interesse é o que encontra eco numa comunidade transgeracional, que preserva uma identidade longamente decantada. É a comunidade que dá vida à cidade e essa vida é o seu espelho, o espelho da sua identidade enquanto comunidade real e de valores estéticos e éticos. (...)

Artigo completo na Construção Magazine nº100 nov/dez 2020

João Luís Ferreira

Arquiteto

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