A Integração de Equipamentos de Uso Coletivo na Qualidade Acústica dos Edifícios

Há uma preocupação crescente com o impacto do Ruído sobre a Saúde e a Qualidade de Vida da população. Estudos recentes publicados pela Organização Mundial de Saúde apontam a exposição das populações urbanas a níveis elevados de ruído como um dos principais fatores de stress ambientais em termos do seu impacte na saúde pública, através de indicadores como o DALY - disability-adjusted life-years (anos de vida perdidos ajustados por incapacidade). Só na União Europeia vários estudos estimam que anualmente se perdem cerca de 1,6 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade devido ao ruído ambiental.

Perante este cenário, as autoridades dos vários países têm vindo a definir um conjunto de políticas e de medidas concretas destinadas, por um lado, a quantificar estes problemas (mediante a obrigatoriedade de realizar monitorizações de ruído e ensaios acústicos) e, por outro, a atenuá-los (através da introdução de legislação impondo valores limite de ruído na emissão, ou obrigando ao estabelecimento de planos de ação e ao cumprimento de limites nos recetores sensíveis).

A redução da exposição ao ruído da população envolve quer o ruído ambiente exterior, quer o ruído gerado no interior dos edifícios, nomeadamente o provocado por atividades ruidosas e por equipamentos técnicos instalados nos edifícios. Num contexto em que, nomeadamente nas áreas urbanas, as pessoas passam cerca de 80% do tempo no interior de edifícios e que estes, por seu turno, apresentam isolamento sonoro cada vez mais eficiente, quer ao nível das fachadas, quer ao nível dos paramentos de separação interior, o ruído gerado por instalações técnicas do edifício assume cada vez mais relevância. Tanto mais que há cada vez mais quantidade e variedade de equipamentos eletromecânicos instalados nos edifícios, nomeadamente nos de gama mais elevada.

Na prática, em Portugal, verifica-se ser cada vez mais frequente que, em edifícios com boa qualidade de construção e elevados índices de isolamento sonoro, surjam queixas dos utilizadores relativamente a ruído gerado por equipamentos e instalações técnicas: elevadores, sistemas de ventilação e climatização, extratores de fumos, sistemas de bombagem, canalizações, automatismos diversos, etc. Isso acontece quer em edifícios novos, sobretudo nos de gama alta, quer em edifícios antigos reabilitados – cada vez mais - em que o mercado exige a instalação de toda uma panóplia de equipamentos para os quais os edifícios não estavam originalmente preparados.

Neste artigo procuraremos apresentar, de forma resumida, os requisitos (regulamentares e outros) que se colocam ao nível do ruído de equipamentos de uso coletivo nos edifícios, tipos de problemas mais frequentemente encontrados e a tipologia de soluções disponíveis para assegurar uma adequada integração desses equipamentos na qualidade acústica dos edifícios.

Requisitos e critérios aplicáveis

Em Portugal, os requisitos regulamentares aplicáveis ao ruído dos equipamentos coletivos em edifícios são expressos no Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (decreto-lei n.º 96/2008, RRAE). Esses requisitos são expressos em termos dos níveis de ruído particular, gerados exclusivamente por esses equipamentos, observados no interior de espaços do edifício com sensibilidade ao ruído. (...)

Artigo publicado na edição nº92

Luís Conde Santos, Diretor Técnico da dBwave.i

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