Entrevista a João Azevedo

O presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica repete os alertas em que outros especialistas já têm insistido: a ocorrência dos sismos é uma garantia, apenas o lapso temporal em que isso acontecerá é desconhecido. O conhecimento existe, as soluções também. Falta apenas assumir a segurança sísmica como uma prioridade.

Entrevista por Cátia Vilaça | Fotografia D.R.

A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES) tem vindo a defender a existência de uma certificação do nível de segurança dos edifícios. De que forma esta certificação poderia funcionar? Num modelo similar ao que já existe para a Térmica?

O modelo que existe para a Térmica, sem querer entrar em críticas, às vezes parece-me demasiado complicado e eventualmente pouco eficaz. As pessoas são obrigadas, quando fazem arrendamento ou venda de imóveis, a pedir esse certificado, e depois acaba por se constatar que as soluções apresentadas são standard e que funcionam mais à base de instalação de ar condicionado e coisas do género. 

Acho que, para a Sísmica, algo desse tipo não seria bom, se for um instrumento mais burocrático. Mas eu poria o problema de outra maneira: nós neste momento não temos uma garantia de qualidade do edificado, e isso tem a ver com o facto de, quer na construção nova quer na reabilitação, bastar a assinatura de um técnico a dizer que cumpriu toda a regulamentação para que ninguém mais olhe para o assunto. As câmaras municipais, de acordo com a lei, não têm quase nenhum poder de intervenção, não podem contestar ou pôr em causa a declaração do técnico, e sabemos que nalguns casos as coisas não estão bem feitas, portanto devia haver um maior controlo. Esse controlo poderia ser feito por amostragem dos projetos submetidos, ou seja, esses projetos seriam alvo de uma verificação com base numa amostragem, e todos os técnicos saberiam que os seus projetos podem ser observados. Se pelo menos alguns, mais importantes, pudessem ser objeto de uma revisão do projeto, acho que seriam passos muito importantes. 

Não me parece desejável termos uma certificação burocrática porque vamos aumentar o nível de burocracia e de complexidade. Já uma segunda verificação dos projetos, uma garantia de que quer o projeto quer a construção estão a ser bem executados, parece-me obrigatório que venha a existir. (...)

Leia a entrevista completa na Construção Magazine nº113 jan/fev 2023, dedicada ao tema 'Segurança sísmica em infraestruturas críticas'

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