Estratégia na avaliação de estruturas existentes de madeira

A madeira é empregue como elemento estrutural principal ou secundário em muitos edifícios em Portugal. Nas últimas décadas, e decorrente da construção do Altice Arena em 1989 com estrutura em elementos lamelados colados, foram construídos diversos equipamentos autárquicos ou escolares (e.g. ginásios e piscinas) com base em soluções estruturais de madeira. Infelizmente, os problemas encontrados na avaliação de estruturas de madeira recentes (admitindo este termo estruturas construídas após 1989) comparam-se aos das antigas, assentes na frequente lacuna documental que exponha os critérios de dimensionamento e de escolha dos materiais empregues.
As dificuldades na abordagem a seguir na avaliação de estruturas de madeira, nomeadamente devido à variabilidade do material e incerteza na definição das suas propriedades mecânicas, têm vindo a sustentar a definição de procedimentos a seguir na avaliação de estruturas de madeira existentes, traduzida em normas publicadas em alguns países europeus.
Algumas destas normas são especialmente dedicadas a estruturas de madeira existentes ou a estruturas de valor patrimonial. No entanto, independentemente da importância ou não da estrutura sob avaliação, os problemas a resolver são similares. Estes envolvem a avaliação da informação recolhida da estrutura (documental ou complementada com recurso a ensaios in situ ou em laboratório sobre amostras retiradas da estrutura) e a avaliação de possíveis efeitos diferidos no tempo (deformação excessiva, biodeterioração) de forma a apresentar valores de referência, que possam ser usados numa análise da segurança e funcionalidade da estrutura. (...)
Por José Saporiti Machado, investigador auxiliar, Núcleo de Qualidade na Construção, Departamento de Materiais, Laboratório Nacional de Engenharia Civil
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